Dedicatórias de escritores a José Mindlin e a sua biblioteca de 40 mil livros viram obra

Ivan Finotii

 
Um dos quartos da casa do Brooklin, que reunia 40 mil livros

Era uma casa muito engraçada, não tinha teto, não tinha nada." Os versos de Vinicius de Moraes (1913-1980) não serviriam para descrever a residência no Brooklin, zona sul de São Paulo, onde o empresário José Mindlin e sua mulher, Guita, viveram cerca de 60 anos.

Porque a casa dos Mindlin tinha pelo menos uma coisa: livros. E muitos deles, centenas, milhares, cerca de 40 mil títulos. Mas era uma casa muito engraçada, pelo menos para a neta do casal, Lucia Mindlin Loeb, que lá passava as férias de verão e, durante as aulas, frequentava os almoços familiares de fim de semana.
Só mesmo uma casa muito engraçada para se comemorar aniversários de livros, o que aconteceu em 1988, com um bolo de chocolate, champanhe e um aniversariante de 500 anos na cabeceira da mesa: um exemplar original do poeta italiano Francesco Petrarca, datado de 1488.

"Na estante da sala tinha uma portinha, onde ficava o bar. Era demais!", lembra a fotógrafa Lucia, 40, que tinha 16 anos no aniversário de Petrarca.

Outra coisa engraçada na casa é que, dos 40 mil livros, centenas traziam dedicatórias especialíssimas endereçadas ao casal José (1914-2010) e Guita (1916-2006).
Dedicatórias que agora foram reunidas pela neta no livro "Para a Tão Falada Biblioteca José e Guita Mindlin" (Edusp, 240 págs., preço a definir).
Com fotografias de 124 dedicatórias --e das capas dos livros-- tiradas pela própria Lucia, a publicação traz mensagens manuscritas de Drummond, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Erico Verissimo, Antonio Candido, enfim, de toda a nata da literatura brasileira.

E também de estrangeiros do porte de Mario Vargas Llosa, José Saramago ou Jean Claude Carrière, roteirista das obras-primas surrealistas do espanhol Luis Buñuel, como "A Bela da Tarde" (1967), "O Discreto Charme da Burguesia" (1972) e "Esse Obscuro Objeto do Desejo" (1977).
 "Olá Jose Mindlin!", brincou Carrière em 1989, como se fosse o próprio Buñuel, morto seis anos antes. "Um abraço do fantasma L.B.", completou.
Já Drummond se espantou ao receber de Mindlin, em 1980, um exemplar de seu "Alguma Poesia", publicada 50 anos antes, quando o poeta tinha 28 anos.

Para facilitar a leitura da caligrafia nem sempre compreensível desses pesos pesados, a obra transcreve as dedicatórias a cada página.

JABUTICABA
A maioria desses livros não está mais na casa do Brooklin, com seu quintal e duas edículas que serviam de anexos para as prateleiras repletas.

Trinta mil títulos moram agora na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin, inaugurada há dois meses na USP. E é lá que vai ser o lançamento da "Para a Tão Falada...", no dia 8 de junho, das 11h às 14h.

Lucia conta que teve a ajuda do avô quando começou a fazer as fotos, em 2009. "Ele me mostrava o que achava mais legal. E sabia onde estava cada livro." "Vô, tem do Manuel Bandeira?" "Tem, Lucia, está aqui." "E do Fernando Sabino?" "Aqui."

Às vezes, um dos autores aparecia para entregar pessoalmente seu exemplar autografado. E acabava ficando para o almoço, não sem antes dividir uma pinguinha mineira com o dono da residência, caso de Antonio Candido e de tantos outros.

Dividindo com tais escritores a torta de espinafre, bolinhos de frango, bifes e pastéis que a cozinheira Catarina preparava, Lucia acabou conhecendo boa parte deles ao redor da mesa de jantar.

Até pegou amizade com as netas de Verissimo, que tinham a mesma idade dela. E tomou um susto quando as duas recusaram as jabuticabas de sobremesa, colhidas no próprio quintal. "São as únicas pessoas que conheci até hoje que não gostam de jabuticaba. Estranho, né?"

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/

Renato Lessa fala dos desafios à frente da Biblioteca Nacional

Fonte: O Globo.com
 
Quando foi anunciado que o cientista político Renato Lessa, de 58 anos, seria o novo presidente da Fundação Biblioteca Nacional, uma amiga mandou a ele uma mensagem de parabéns, com um recado: “Que Deus e o governo ajudem você”.
Pelos problemas que o esperam, Lessa realmente vai precisar da ajuda de todos os lados na gestão da instituição. Há um ano, desde uma inundação, sua sede no Rio está sem ar-condicionado, o que, no verão, levou a temperatura dos armazéns de livros para até 50 graus. Outro ponto a ser enfrentado por Lessa, oficialmente no cargo desde segunda-feira, são as críticas quanto aos atrasos e ao orçamento elevado na organização brasileira na Feira de Frankfurt, a maior do mundo para o mercado literário, que vai homenagear o Brasil em outubro.
Em entrevista no gabinete da presidência da Biblioteca Nacional ­­— com as janelas abertas pela falta de refrigeração —, Lessa reconheceu que há muito a ser feito. Segundo ele, serão necessários mais 120 dias para que um sistema antigo de ar-condicionado volte a funcionar na Biblioteca, e o tempo para que o sistema geral seja religado é indeterminado. Lessa também discorda dos gastos assumidos pelo governo para Frankfurt — R$ 15 milhões de investimentos diretos e a possibilidade de mais R$ 3 milhões via renúncia fiscal —, por acreditar que a homenagem deveria ser de responsabilidade do setor privado. Mas promete cumprir os compromissos.
Por fim, o novo presidente da Biblioteca Nacional discorda de Galeno Amorim, que esteve no cargo nos últimos dois anos, quanto à quantidade de municípios sem bibliotecas no Brasil: “É um número vergonhoso”.
Como foi feito o convite para o senhor assumir a presidência da Fundação Biblioteca Nacional? A ministra (Marta Suplicy, da Cultura) pediu algo específico ao senhor?
Foi em meados de março, poucas semanas antes de ela anunciar a mudança. Nós tivemos uma primeira conversa excelente, muito franca. O que me deixou muito seguro para aceitar o convite foi a possibilidade de institucionalizar políticas para a Biblioteca Nacional, sem que dependam de rompantes ou projetos pessoais, com um clima de independência. Além disso, ao mesmo tempo em que a ministra me deu autonomia e liberdade para estruturar a gestão da Biblioteca, ela manifestou também um enquadramento geral de como vê a coisa. A maior preocupação da ministra, da qual eu compartilho inteiramente, é ter uma restruturação tanto da Biblioteca Nacional quanto da política do livro. É um movimento que não incidiu apenas sobre a Biblioteca Nacional, ele inclui também a vinda do Castilho (José Castilho Marques Neto, presidente da editora Unesp) para a reorganização da política do livro e do Sistema Nacional de Bibliotecas como política pública de Estado em Brasília.
A junção de responsabilidades da Biblioteca Nacional com a política do livro era justamente uma das maiores críticas que parte do mercado fazia ao seu antecessor, Galeno Amorim.


A Biblioteca Nacional estava sobrecarregada. O excesso de atribuições torna impossível que todas recebam igual atenção. Não era um desenho adequado. Agora, a Biblioteca vai ficar desasfixiada para cuidar de suas atribuições naturais.

Em alguns de seus artigos publicados em jornais, o senhor já expressou críticas aos governos do PT. Isso em algum momento foi impeditivo para aceitar o convite?
Não foi só ao PT, também fui crítico aos governos anteriores. Mas em momento algum esse assunto apareceu na conversa com a ministra. Meus artigos não são secretos, têm a ver com meu lado de intelectual público, como observador dos hábitos políticos brasileiros. Não foram artigos que se dirigiam a este ou aquele governo. Isso é sabido, é público, estou longe de abjurar as coisas que eu escrevi. E acho que isso qualifica o convite, mostrando a ideia de independência de pensamento e de juízo.
Ainda há uma infinidade de livros físicos em circulação, mas ao mesmo tempo existe hoje um processo de digitalização em curso, de aumento da presença dos livros digitais. Em vista disso, qual o senhor considera ser o papel de uma biblioteca hoje? Esse papel está mudando?

Eu acho que o papel da biblioteca não se altera. O que as configurações novas trazem é a importância de uma biblioteca acrescentar dimensões a seu papel, que é a guarda de acervos valiosos. Fazer a guarda desses acervos incorporando tecnologias que permitam a recuperação e o restauro, mas isso tudo associado a uma perspectiva de publicização, de conquistar públicos leitores de diferentes níveis. Desde o leitor eventual até pessoas profissionalmente ligadas à pesquisa que têm na biblioteca seu local de trabalho. Acho que o futuro da biblioteca tem a ver com a capacidade de atender essa diversidade pública. Mas isso implica naturalmente um projeto agressivo de digitalização, mas não só do acervo específico de uma biblioteca, mas uma digitalização que componha redes de acervos digitalizados. Por exemplo, você pode imaginar uma grande biblioteca virtual que reúna as bibliotecas dos países lusófonos, em que os usuários possam compartilhar os acervos. Outro recorte possível é com a América do Sul. Existe um mundo para ser explorado de compartilhamentos de base da nossa Biblioteca Nacional com outras bibliotecas do mundo.
Como vai a digitalização do acervo da Biblioteca Nacional?

Ainda é muito pequeno, temos cerca de 25 mil títulos digitalizados. São 11 milhões de páginas.

De um total de quantos?
O total é complicado. Nunca houve um censo rigoroso de qual é o tamanho da Biblioteca, é uma coisa que precisamos fazer. Existe um número mágico de 9 milhões. Mas são 9 milhões de títulos, de volumes físicos? Por exemplo, naqueles 25 mil títulos digitalizados, a gente considera “O Globo” um título. Mas se forem exemplares, esse número já aumenta. Então não tenho como dizer um percentual do que já foi digitalizado. Mas posso dizer que é muito pouco, muito pequeno em função do volume do acervo. É uma prioridade das maiores, até porque, voltando à pergunta anterior, o papel da biblioteca depende da digitalização.

Falando sobre os problemas que a Biblioteca Nacional enfrentou nos últimos meses, o que ainda mais chama a atenção é a falta de ar-condicionado. É uma situação que se estende há um ano e que é prejudicial para usuários e funcionários, mas também é prejudicial para os livros. Ainda falta muito para isso se resolver?
É horrível para os livros. No pico do verão, me disseram que a temperatura no armazém de obras gerais bateu 50 graus. Você não pode ter um acervo valioso assim. O ideal são 23 graus, 22 graus. Mas, infelizmente, ainda está longe de chegarmos lá. Em marcha, começamos agora um processo de recuperação de um sistema antigo de ar-condicionado, e a estimativa que me deram é que a obra termine em 120 dias. Então a expectativa é que enfrentemos o verão com esse sistema antigo em funcionamento. Será um verão melhor do que o anterior, mas ainda longe do que a Biblioteca precisa. Já o sistema geral de refrigeração é de uma complexidade imensa e vai depender de um projeto de reforma. Temos dinheiro para isso e temos decisão de fazer a obra em seguida. Mas seria irresponsável eu dizer quando isso vai ficar pronto.
Qual a verba para essa reforma da refrigeração?
Existe um volume de recursos para as obras gerais da Biblioteca, que incluem as obras da sede e do anexo. O BNDES entra com pouco mais de R$ 40 milhões. Conseguimos também uma parte do PAC das cidades históricas, fizemos jus aos recursos porque somos um prédio histórico. E vamos ter ainda aplicações do orçamento da Biblioteca. Tudo isso vai dar um total de R$ 70 milhões. Vão ser usados para obras de estrutura, da refrigeração, da recuperação da claraboia, do reboco que andou caindo para a rua, da segurança, coisas assim. Enfim, são obras para levantar a infraestrutura. A administração anterior contratou a Fundação Getulio Vargas para fazer os termos de referência dessas obras, e eu vou ter uma reunião com eles na segunda-feira para saber em que pé isso está.
Mas olhando o acervo hoje, é possível que alguma obra tenha sofrido algum dano por causa do calor?
Não tenho notícias de danos ao acervo.
Outra questão muito discutida é a participação brasileira na Feira de Frankfurt, em outubro, quando o país será homenageado. Com a mudança na diretoria da Biblioteca Nacional, muda algo na organização da feira?
 
A participação brasileira na Feira de Frankfurt é uma política de governo que mobiliza o Ministério da Cultura e o Itamaraty. Acho importante desfazer um pouco a ideia de que a Feira de Frankfurt é a Biblioteca Nacional. Não é. A homenagem em Frankfurt significa que o governo brasileiro aceitou e entendeu que essa é uma oportunidade de promoção brasileira no exterior. O projeto é gerido por um comitê gestor, e a Biblioteca faz parte desse comitê, mas há outros integrantes, como a Funarte e o Ministério da Relações Exteriores.

Mas a Biblioteca tem um papel grande na organização
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Tem um papel grande, sim. Mas, na minha perspectiva, não é um papel compatível com as funcões próprias da Biblioteca. Como a Feira de Frankfurt tem uma dimensão econômica muito forte, algumas questões deveriam estar a cuidado dos editores do setor privado. Eu entendo que também há um interesse estratégico do Brasil, o que leva o poder público a participar, mas não me parece correto que isso seja pensado como exclusivamente fincado dentro de uma esfera estatal. Mas isso foi decidido em 2010 com comprometimentos financeiros e com o comprometimento da Biblioteca em algumas decisões, e isso será mantido. Estamos discutindo, hoje, que esse paradigma não se repita em outros eventos dessa natureza. Não cabe ao presidente da Biblioteca Nacional ser o dirigente dessa internacionalização dos livros brasileiros, e não associo o que penso sobre a Biblioteca Nacional a eventos do tipo. E ainda tenho uma reserva aos custos assumidos para a viabilização de negócios, sobretudo numa indústria que tem pujança, força e muita qualidade.
Quanto vai ser o gasto do governo em Frankfurt?
O orçamento total não vai passar de R$ 18 milhões. Desses, R$ 15 milhões vêm do orçamento do Estado brasileiro, pelo Fundo Nacional de Cultura. Já a Câmara Brasileira do Livro teve autorização para captar, via Lei Rouanet, R$ 13 milhões, dos quais nada ainda foi captado. Então, o que temos garantido hoje são R$ 15 milhões, e ainda faltam R$ 3 milhões para fechar o orçamento. Esse dinheiro virá ou de renúncia fiscal ou de patrocínio.

Houve algumas críticas sobre possíveis atrasos da preparação brasileira para Frankfurt. Alguma dessas críticas chegou ao senhor?
Com relação a prazos, nada chegou a mim. O que eu sei é que houve uma preocupação natural em relação à mudança na presidência da Biblioteca. Essas coisas são institucionais, mas envolvem relações pessoais. Então, quando há uma mudança dessas, surgem incertezas. Mas eu garanto que estamos trabalhando com a perspectiva de realizar o projeto na integridade.
Uma pergunta que é feita há anos e cuja resposta sempre foi um pouco nebulosa é sobre o número de municípios brasileiros ainda sem bibliotecas. O senhor sabe quantos faltam?
Eu não sei o número para te dizer, mas sei que é um número vergonhoso. A questão não é apenas o número de municípios sem biblioteca, mas temos que nos perguntar que bibliotecas existem e que pessoas trabalham nessas bibliotecas. Há gente que trabalha sem salários, com heroísmo. Essa é uma preocupação fortíssima da Elisa Machado, que dirige o Sistema Nacional de Bibliotecas: dar consistência a esse sistema, criando bibliotecas e fortalecendo as bibliotecas que existem.
É curioso porque, quando Galeno Amorim assumiu a presidência da Biblioteca Nacional, há pouco mais de dois anos, ele disse que faltavam “poucas dezenas” de municípios sem biblioteca no Brasil.
Eu não acho. A leitura no Brasil ainda é muito pequena, precisamos aumentar a familiaridade do brasileiro com o livro. Temos que ver isso realisticamente, como um obstáculo e desafio. Não como uma maldição que se abateu sobre a gente. A democratização do país não é só poder votar e ter liberdade para dizer o que pensa, democratização é a população ter acesso à cultura. E a biblioteca é um espaço fundamental desse processo.


Fonte:
http://www.brasilquele.com.br/

A primeira biblioteca verde da América Latina é no Rio


Cariocas que amam leitura poderão, a partir de setembro, desfrutar de um espaço que os deixará ainda mais conscientes, inclusive do ponto de vista ambiental. Em obras desde 2008, a Biblioteca Estadual do Rio de Janeiro, na Avenida Presidente Vargas, no Centro, reabrirá suas portas como o primeiro espaço cultural da América Latina a ser abastecido por uma usina de energia solar, que vai reduzir o consumo do local em 30%.

Estruturada na cobertura do prédio, a usina fotovoltáica tem 162 placas que, através de 6 conversores, transformam a energia do sol em elétrica. Com isso, a biblioteca alcançará um patamar de eficiência energética suficiente para concorrer ao Selo de Ouro do LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) — a mais alta qualificação para edifícios sustentáveis.

E as iniciativas sustentáveis da biblioteca não param por aí: haverá também captação de água da chuva para o abastecimento de pias automáticas e descargas dos banheiros. Nas salas de leitura, mesas e cadeiras utilizam fibras de garrafas PET em sua confecção e os assentos são revestidos com couro vegetal. O prédio conta, ainda, com um teto verde, ecossistema sustentável que ajuda no resfriamento do ambiente. E nem a edificação passou despercebida, pois o entulho foi direcionado a recicladoras.

“Respeitar o Meio Ambiente é uma questão cultural, pois requer consciência, acesso à informação e senso crítico”, afirma Vera Saboya, superintendente de Leitura e Conhecimento. “Por isso, entendemos que a principal biblioteca do Estado deveria se colocar no espaço público de forma que evidenciasse esses valores”, complementa.

A iniciativa é uma parceria entre o Governo do Estado e a Light, através do Programa Rio Capital da Energia, orçado em R$ 585 mil. Segundo a superintendente, o objetivo é que as demais bibliotecas públicas do Rio também sigam o modelo.

Programa educativo e visitas guiadas

Quem visitar o prédio da biblioteca depois de pronto terá uma série de motivos para sair mais informado sobre questões ligadas a sustentabilidade e Meio Ambiente.

A Biblioteca do Estado do Rio está desenvolvendo um Programa de Educação Ambiental destinado ao público, que visa discutir a temática ecológica nas mais diversas plataformas culturais. Para começar, o prédio contará com uma sala de projeção e um auditório que exibirão filmes e peças abordando assuntos da natureza.

Serão oferecidas, ainda, visitas guiadas que detalharão a estrutura sustentável do edifício, além da distribuição de panfletos que ensinam as crianças a se comportarem em prol do Meio Ambiente.

Estado conta com outras instituições sustentáveis

A energia renovável não é exclusividade da Biblioteca estadual. O Programa Rio Capital da Energia possui outras 34 iniciativas como essa, que contam com parcerias do Governo do Estado e empresas privadas, somando R$ 500 milhões em investimentos.

Um dos projetos é o Maracanã Solar, em que placas de captação dos raios serão colocadas na parte de cima do estádio. O sistema ocorre em parceria com a Light e, nos horários de maior incidência de luz, vai gerar uma quantidade de energia capaz de abastecer 200 residências.

Outro projeto será a construção de um prédio com 35 laboratórios na Universidade Estadual do Rio de Janeiro, que visa aumentar a infraestrutura para pesquisas em Tecnologias para Combustíveis Limpos. O esquema terá colaboração da Petrobras.

O Instituto de Traumatologia e Ortopedia do Rio de Janeiro (Into) não faz parte do Programa, mas já é figura conhecida em sustentabilidade. O prédio conta com painéis solares utilizados para o aquecimento da água de chuveiros, sistema de tratamento de esgoto, reaproveitamento de água pluvial e reciclagem do lixo.
 

Sebos vendem livros por metro para decoração de escritórios e residências


 
O freguês entra na loja e pede um metro e meio de livros encadernados em papel-couro azul, de altura média, o mais barato que houver.
O pedido, que soaria estranho em uma livraria, é comum para Aristóteles Torres de Alencar Filho, 59, o "seu" Ari, dono do sebo O Belo Artístico, no Jardim América, região oeste.

Segundo o livreiro, o local recebe muitos clientes procurando livros para decoração. Nesses casos, o conteúdo não importa tanto e a ideia é encontrar o tipo de capa, a cor, o tamanho e a quantidade que mais combinem com a estante ou a sala.
O local normalmente vende por unidade, mas, no caso de grandes compras para ornamento, fecha o preço por coleção e até por medida.
No Sebo Liberdade, na região central, o metro é cobrado de acordo com o tipo de capa: R$ 150 para encadernados simples e R$ 250 para os mais trabalhados.
A venda de livros para ver mais do que para ler não é incomum, mas nem todos os estabelecimentos têm valores fixos para o serviço. No Sebo do Messias, também no centro, coleções encadernadas vendidas em pacotes ou individualmente saem a cerca de R$ 5 o volume.
"Quem precisa traz uma fita métrica e depois fazemos a conta", diz Messias Antônio Coelho, 72, dono da loja. Próximo do Tribunal de Justiça, o local recebe muitos advogados. "Eles querem encher o escritório de livros e impressionar a clientela", diz.
No Sebo Liberdade, quem compra para enfeite são profissionais liberais e decoradores. Estes dizem que é comum que clientes peçam a montagem completa da sala de casa, incluindo estantes e livros.
"Quem gosta de leitura pede obras específicas", diz a arquiteta Andrea Teixeira. "Em outros casos", ressalva, "compramos pelo visual".
Ela costuma visitar sebos procurando volumes antigos, bonitos e que combinem com o ambiente. "Às vezes compramos de um freguês direto para o outro, quando, por exemplo, alguém vai mudar para um apartamento menor", ela explica.
Foi o caso da coleção de 1968 de romances e poesia que a sócia dela, Fernanda Negrelli, adquiriu para uma cliente no Alto de Pinheiros, região oeste. A dona do imóvel prefere o anonimato.
De capa branca de papel-couro que combina com a sala de visitas, o conjunto tem lugar de realce na estante. Já os livros de leitura da família, que não são encadernados, ficam em outro cômodo.
LITERATURA DE VERDADE
No Belo Artístico, o foco são livros raros e montagem de coleções. Ari -que já teve o bibliófilo José Mindlin (1914-2010) como cliente- reserva às vendas decorativas as peças mais triviais. Entram na lista romances antigos, livros de história e enciclopédias desatualizados. No local, muitos procuram livros para adorno sem ajuda de profissionais.
Ari diz saber que essa parte do público ignora o conteúdo de seu estoque, mas jura que não se importa. "Eu acho bom, porque estão levando livros. Em uma biblioteca, alguém vai acabar consultando."
Certa vez, ele recebeu uma mulher desesperada por livros. "Mas de verdade", lembra. A cliente havia preenchido a estante de casa com livros cenográficos. Durante uma festa, porém, uma convidada puxou um título conhecido e o bloco caiu, desencadeando um sonoro "Que horror!". Ari conta com gravidade: "Ela não sabia qual das duas, ela ou a convidada, tinha ficado mais constrangida".

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
 

Aos 95 anos, morador de Sorocaba, SP, 'coleciona bibliotecas' pelo país

Luana  Eid

Aposentado Cid Odin Arruda lê três livros por semana. Ele éo sócio mais antigo do Gabinete de Leitura de Sorocaba, SP.


Cid exibe, orgulhoso, a medalha que ganhou do Gabinete de Leitura (Foto: Geraldo Jr. / G1)

Todos os dias o aposentado Cid Odin Arruda cumpre a mesma rotina. Acorda às 5h, faz café, cuida do jardim e pega um ônibus. O destino varia entre o Gabinete de Leitura e a Biblioteca Municipal de Sorocaba (SP), lugares onde ele pode embarcar em sua viagem preferida: as páginas de um livro. Aos 95 anos, Cid é um aficcionado por livros. Já leu tantos que perdeu a conta. "Só Jesus para saber falar quantos eu já li", brinca. O que ele sabe é que, por semana, lê três títulos, religiosamente. Nesta terça-feira (23), quando é comemorado o Dia Internacional do Livro, funcionários do Gabinete de Leitura contam que ele é o sócio mais antigo da unidade.
O gosto pela leitura veio de família. O comerciante aposentado é neto e filho de bibliotecários. Por isso, nas lembranças de infância a imagem que prevalece é a dos corredores da Biblioteca Municipal de Sorocaba. "Eu lia livros que meu pai recomendava. Depois, mandava eu contar a história inteira, para ter certeza que eu li mesmo", lembra. De tanto ler, ele recebeu uma incumbêrncia especial: indicar obras para as frequentadoras da biblioteca. "Os pais mandavam sua filhas na biblioteca pegar um livro e elas me perguntavam qual podiam ler. Os pais sabiam que eu não indicaria nenhum livro com safadeza", relembra Cid, aos risos.
Além de ser figura carimbada na biblioteca sorocabana, Cid é um velho conhecido nas unidades de Mongaguá (SP), Caldas Novas (GO), Guarapari (ES), e em várias outras do nordeste. "O que eu gosto mesmo é de viajar. Quando não posso fisicamente, viajo pelas páginas dos livros", conta Cid, que recebeu a reportagem do G1 enquanto fazia as malas para sua próxima viagem, para uma colônia de férias em Ibirá (SP).
Nilcéia Alves dos Santos, funcionária do Gabinete de Leitura, é uma das admiradoras do aposentado. Ela conhece Cid há 26 anos. "Eu tenho um carinho muito grande por ele. É um verdadeiro exemplo para vários jovens que se interessam pela história dele", conta Nilcéia. Ela diz que a visita de Cid é a mais frequente no gabinete que, inclusive, já conferiu uma medalha cultural a ele em 2008, pelo "compromisso com a cultura e tradições da cidade".
Romance além dos livros
Para agradar a esposa, professora aposentada e apaixonada por livros, o idoso teve que adaptar sua maneira de ler. Elza Bertazini Bracher, de 86 anos, conta que depois de um glaucoma sua visão ficou prejudicada, o que impossibilitou a leitura. "Eu só enxergo metade do mundo, o resto ele me conta", diz, demonstando amor pelo companheiro, que lê trechos de livros para ela como forma de amenizar o sofrimento por não poder mais ler. Os dois se conheceram quando eram viúvos e já comemoraram Bodas de Prata juntos.  "Eu fico triste por saber que tantos jovens com a visão perfeita não gostam de ler, e eu que gostaria tanto já não posso mais", lamenta Elza.

Na casa do casal, tipicamente de aposentados, com direito a horta nos fundos, máquina de costura e casaquinhos de tricô pelo sofá, uma estante guarda algumas relíquias, como o livro "O Romance de Jeanne Bertier" - primeiro livro de Elza, comprado em 1940 - , "E o Vento Levou" e "A Vingança do Judeu", todos já com as páginas amareladas. Todos são de Elza, porque, para Cid, o prazer está em caçar livros nas bibliotecas. Em todas as cidades pelas quais passa o aposentado faz questão de conhecer as bibliotecas, e só parte de Sorocaba quando tem certeza de que no destino vai ter onde encontrar os livros. "Eu acho burrice carregar livros. Prefiro sair em busca deles nas estantes públicas", conta.
Os benefícios que a leitura trouxe para o aposentado são nítidos. Prova disso é que, mesmo com a idade avançada, em plena lucidez, ele arrisca uma crítica sobre o cenário da literatura atual. "Hoje a literatura é mais aberta, e a facilidade de acesso aos livros é maior. Mesmo assim, as pessoas não leem. Falta incentivo dos pais, o que é uma pena", diz Cid, que diz procurar saber sobre a história que vai ler para "não ser surpreendido". "Sempre gostei de histórias de reis, príncipes... mas hoje em dia muitas histórias descambam para a pornografia, então tenho que tomar cuidado", brinca.

Biblioteca Britânica começa a arquivar páginas da internet


A Biblioteca Britânica começa um ambicioso projeto para criar um arquivo no qual será guardada uma cópia de todas as páginas on-line publicadas no Reino Unido, para que possam ser consultadas pelas gerações futuras.
Desde o último domingo (7/4/13) --e durante o prazo de um ano-- começarão a ser armazenadas cópias de 4,8 milhões de páginas, segundo o centro público, entre páginas institucionais, blogs, domínios locais e inclusive fóruns, para mostrar uma visão da sociedade atual a futuros pesquisadores.
 "Admito que é um projeto realmente ambicioso. Não vamos discriminar entre as páginas, incluiremos todas as que atualmente estiverem no Reino Unido", explicou à Agência Efe Richard Gibby, porta-voz da instituição.
Com o prestigiado centro londrino colaborarão as bibliotecas nacionais da Escócia e País de Gales, as das universidades de Cambridge e de Oxford e o Trinity Collegue de Dublin.
Para antecipar esta ideia, seis equipes --uma de cada centro-- que desenvolverão o programa iniciarão um complexo sistema de informática desde o último fim de semana, quando entrou em vigor um novo marco legal que lhes permite obter uma cópia das páginas sem precisar do consentimento dos proprietários.
 "Até agora era necessário pedir permissão ao proprietário e, no caso de conteúdo de terceiros, precisava contar ainda com a autorização deste, tudo era muito complicado e demorava muito", comentou Gibby.
 O tempo é algo que obceca a Biblioteca Britânica, que procura incorporar toda a informação possível de cada site a seu catálogo antes que expire o tempo médio de vida de uma página --75 dias--, uma contagem regressiva contra a qual um amplo elenco lutará.
"Pode se dizer que toda a instituição está envolvida no projeto, já que, além de uma equipe específica, contamos com o apoio do serviço de operações técnicas e de manutenção", afirmou Gibby.

Agora não será pedida permissão, mas os donos serão informados; apesar de a Biblioteca Britânica pretender se dirigir a eles por escrito de forma individual, o volume de domínios faz com que provavelmente recebam simplesmente a mensagem automática do programa que obterá as cópias.
O porta-voz do centro reconhece que esse sistema pode gerar controvérsia, por isso que esclareceu que só serão registrados conteúdos que tenham sido expostos em páginas públicas e com o consentimento expresso de seu autor.

"Não tem nada a ver com a informação que podemos compartilhar em redes sociais, onde publicamos dados pessoais dentro de um grupo muito concreto de privacidade", disse.
 Com agências de notícias

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
 

Projeto Tuboteca


 
Uma das características mais conhecidas da cidade de Curitiba são seus pontos de ônibus cilíndricos. Conhecidos como tubos, algumas dessas paradas receberam o projeto Tuboteca
A iniciativa, liderada pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Urbanização Curitiba S/A (Urbs) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), montou minibibliotecas em sete tubos espalhados pela cidade. Os livros, doados pela FCC, podem ser retirados gratuitamente sem cadastro prévio ou prazo para devolver. A intenção, com o tempo, é que novas Tubotecas sejam instaladas em mais pontos e que o projeto também estimule a doação de livros.
 O acervo conta com obras de poesia, ficção, contos e livros infantis.
Fonte: http://bibliotecadesaopaulo.org.br

Livros digitais ajudam a revigorar bibliotecas públicas

Amanda Polato



 
Iniciativas são fortes em países como Estados Unidos e Reino Unido. Por aqui, ainda estamos longe da digitalização

Logo ao entrar na Biblioteca Pública de Nova York, em Nova York, os leitores encontram a frase: “A biblioteca é esperança, é conhecimento, e é poder”. Depois da recepção, podem andar pelos corredores ou ir logo ao catálogo procurar o que lhes interessa. Com o número da carteirinha de sócio, podem retirar até 12 títulos de uma vez, a qualquer hora dia, sete dias por semana.

E, então, decidir se vão ler a obra no smartphone, e-reader, tablet ou no computador, além de escolher o tamanho da letra e fazer grifos usando apenas o dedo. É assim o caminho feito pelos usuários do acervo digital da instituição, acessado de qualquer dispositivo digital, pela internet. Os leitores não precisam mais ir fisicamente à entidade para pegar livros emprestados. Mas a biblioteca centenária vê sua força revigorada com a popularização dos e-books. Aumentou o número de visitantes físicos aos seus prédios depois que foram abertas as portas às estantes virtuais da instituição.

>> O livro digital chega à escola. Quais são as vantagens para professor e aluno?
Com seus 34 mil títulos (quase 95 mil exemplares), o acervo digital ainda é muito pequeno comparado com a coleção em papel da Biblioteca Pública de Nova York, que tem quase 6 milhões de exemplares para empréstimo. Mas a demanda pelos livros digitais cresce rapidamente. “Nos últimos cinco anos, a oferta cresceu oito vezes. Todos os dias, há mais pessoas adotando a leitura eletrônica como um estilo de vida e indo à biblioteca em busca desse novo formato. São os leitores que pedem a ampliação do acervo digital”, diz Christopher Platt, diretor de coleções e operações de circulação da instituição.
Usuários de todas as idades têm interesse por esses livros, e eles são especialmente atraentes para os idosos, por permitirem ajustes no tamanho do texto. A equipe da biblioteca oferece até cursos presenciais para ensinar a usar o e-reader e instalar o software de empréstimos.

Assim como mais de 22 mil bibliotecas em diversas partes do mundo, tanto públicas quanto de escolas e universidades, a de Nova York usa um sistema chamado OverDrive, que armazena e-books em uma nuvem e oferece empréstimos por tempo limitado, variável conforme o título. Muitos deles têm filas de espera. Por isso, nenhum pode ser renovado, mas pode ser “retirado” novamente se não houver reserva.
O modelo atrai o interesse até de quem vive longe dos Estados Unidos ou do Reino Unido, dois países com grande quantidade de acervos digitais, e surge a pergunta: por que liberar o acesso apenas aos moradores de uma determinada cidade ou bairro? Por que não permitir, por exemplo, que um brasileiro possa emprestar um e-book no Texas? As instituições dizem que o impedimento é econômico, já que são os impostos locais que ajudam a sustentar as iniciativas.
>> O livro digital chega à escola. Quais são as vantagens para professor e aluno?
Com seus 34 mil títulos (quase 95 mil exemplares), o acervo digital ainda é muito pequeno comparado com a coleção em papel da Biblioteca Pública de Nova York, que tem quase 6 milhões de exemplares para empréstimo. Mas a demanda pelos livros digitais cresce rapidamente. “Nos últimos cinco anos, a oferta cresceu oito vezes. Todos os dias, há mais pessoas adotando a leitura eletrônica como um estilo de vida e indo à biblioteca em busca desse novo formato. São os leitores que pedem a ampliação do acervo digital”, diz Christopher Platt, diretor de coleções e operações de circulação da instituição.
Usuários de todas as idades têm interesse por esses livros, e eles são especialmente atraentes para os idosos, por permitirem ajustes no tamanho do texto. A equipe da biblioteca oferece até cursos presenciais para ensinar a usar o e-reader e instalar o software de empréstimos.
 Assim como mais de 22 mil bibliotecas em diversas partes do mundo, tanto públicas quanto de escolas e universidades, a de Nova York usa um sistema chamado OverDrive, que armazena e-books em uma nuvem e oferece empréstimos por tempo limitado, variável conforme o título. Muitos deles têm filas de espera. Por isso, nenhum pode ser renovado, mas pode ser “retirado” novamente se não houver reserva.
O modelo atrai o interesse até de quem vive longe dos Estados Unidos ou do Reino Unido, dois países com grande quantidade de acervos digitais, e surge a pergunta: por que liberar o acesso apenas aos moradores de uma determinada cidade ou bairro? Por que não permitir, por exemplo, que um brasileiro possa emprestar um e-book no Texas? As instituições dizem que o impedimento é econômico, já que são os impostos locais que ajudam a sustentar as iniciativas.

>> As principais opções de e-reader no mercado
Mas há iniciativas que visam a universalizar o acesso ao conhecimento – uma das características da era da internet. Em 1996, o ativista Brewster Kahle criou o chamado Internet Archive, um dos primeiros arquivos digitais gratuitos na web. Em sua descrição, o site deixa clara a posição sobre o tema: “As bibliotecas existem para preservar os artefatos culturais da sociedade e oferecer acesso a eles. Se as bibliotecas vão continuar a promover a educação nesta era da tecnologia digital, é essencial que elas estendam essas funções para o mundo digital”. Outra iniciativa, mais recente, é a da Biblioteca Pública Digital Americana, que deve ser inaugurada em abril, conforme mencionado na reportagem de ÉPOCA A prova do livro digital. O site oferecerá, gratuitamente, o acervo em domínio público de diversas bibliotecas acadêmicas dos Estados Unidos, sob a coordenação de um departamento da Universidade de Harvard.
Além do desafio de ampliar o acesso a e-books, as bibliotecas digitais sofrem para aumentar a quantidade de títulos e exemplares. Algumas editoras elevam os preços e limitam o número de vezes ou o período de tempo que cada um pode ser emprestado, porque ele não se deteriora com o tempo, como ocorre com o papel. Os contratos, então, obrigam bibliotecas a adquirir novas licenças com o passar do tempo.

>> Obras de autores consagrados são sucesso no formato digital
Nem todas as editoras permitem empréstimos do novo formato. Acabam vendendo os títulos apenas para livrarias. No entanto, o diretor de marketing da OverDrive, David Burleigh, afirma que há sinais de mudança. Há poucas semanas, uma das maiores editoras americanas, a Macmillan, aceitou liberar e-books para bibliotecas. “Com certeza isso ajuda a popularizar o formato e aos poucos as editoras vão percebendo as vantagens da estratégia”, diz Burleigh.
Enquanto outros países discutem ampliação de acervos e do acesso, no Brasil mal há planos de investimentos na área digital e as bibliotecas lutam para manutenção dos espaços físicos. “O cenário realmente não é estimulante. Ainda faltam materiais impressos”, afirma Dulce Baptista, coordenadora do curso de Biblioteconomia da Universidade de Brasília. Mas ela é otimista e avalia que nos próximos anos o país terá políticas públicas na área que invistam em novas tecnologias. “A demanda da população fará com que isso ocorra.”
No país, quem começou a trilhar o inevitável caminho para a digitalização são as universidades. A expectativa é que esses laboratórios sirvam de referência e ajudem a promover a renovação das nossas bibliotecas públicas – antes que elas virem depósitos de livros empoeirados. A experiência da Biblioteca de Nova York mostrou que a tecnologia pode levar os livros para as nuvens e trazer os leitores de volta, no mundo real.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/

SILÊNCIO, POR FAVOR!


O silêncio na biblioteca é realmente necessário? Leitura silenciosa ou em voz alta? Conheça um pouco sobre o silêncio ao longo da história da humana.

O silêncio. O que é isso? Qual a implicação no cotidiano de milhões de pessoas? Esta é a aventura que iremos percorrer. A reportagem tenta desvendar o submundo do silêncio. É uma tentativa de oferecer aos leitores uma nova perspectiva à ausência de sons.

 A descoberta dos diversos significados atribuídos ao silêncio possibilita entender melhor os impactos que a falta de sons causa nos indivíduos e na sociedade. É uma aventura que vai nos levar por um passado repleto de jogos interessantes.


A biblioteca 
São 17h de um dia chuvoso. Ao entrar e descer as escadas para o subsolo da Biblioteca Central da UFSM, lê-se a palavra “silêncio”, escrita em letras maiúsculas numa folha de papel envelhecida pelo tempo que está colada na parede. A palavra silêncio expressa a conduta de como se comportar no ambiente de leitura.

O barulho das pessoas descendo as escadas e a digitação do computador, somado à conversa discreta dos frequentadores da biblioteca, dão a impressão de que o silêncio talvez seja apenas um papel colado na parede e não uma regra absoluta.  Sem mencionar o papo descontraído entre os funcionários da própria biblioteca.
 Nem sempre o hábito de leitura esteve ligado ao silêncio, como nos confirma Alberto Manguel, no livro “Uma história da Leitura”, no qual descreve de maneira fascinante as várias etapas dessa prática.
 Na obra, o autor descreve a história de São Ambrósio narrada por Santo Agostinho. São Ambrósio foi o primeiro homem a ler em silêncio ou, pelo menos, é o primeiro com autenticidade histórica.
 Nas palavras de Agostinho: “Quando ele lia, seus olhos buscavam as páginas e seu coração buscava o sentido… quando chegávamos para visitá-lo nós o encontrávamos em silêncio, pois jamais lia em voz alta”. É nesse momento que se concretiza uma revolução nos hábitos ligados ao exercício da leitura. Tal prática, desde os seus primórdios, fazia-se em voz alta mesmo em seus templos: as bibliotecas.
 A partir de Santo Agostinho, as palavras faladas não necessitavam mais acompanhar a leitura. A leitura silenciosa passou a estabelecer uma ligação sem restrições entre leitor e obra.
 No século IX, através dos padres copistas dos conventos, surgiram os primeiros regulamentos sobre o silêncio. Até então, eles liam em voz alta o texto que estavam copiando.
 Portanto, o silêncio não é o ‘nada’ como podemos pensar em um primeiro momento, mas um espaço cheio de significações. Podemos nos aventurar a encarar o silêncio como uma produção humana que nos revela como o homem atua na sociedade.
 O hospital São exatamente 15h de uma quinta-feira ensolarada. O pronto-atendimento do Hospital Universitário de Santa Maria não está muito cheio. Na recepção, a TV exibe uma série de comerciais. Cerca de uma dezena de pessoas estão à espera de atendimento ou à espera de algum parente que precise de atendimento médico.
 O clima de tranquilidade destoa daquele esperado em um setor de emergência. As pessoas conversam animadamente, mesmo com seus problemas de saúde. Há um burburinho entrecortado pela entrada e pela saída de novos pacientes e médicos.
 Num dos bancos, na parte externa do pronto-atendimento, está a senhora Celi Oliveira Alexandre, que veio a Santa Maria para fazer os curativos da mão machucada num acidente doméstico. Ela caiu dentro de casa. O vilão neste caso foi o tapete. O acidente ocorreu há um mês, o que obrigou vir todas as semanas à cidade para cuidar da fratura.
 Tudo estaria bem para Celi, não fossem duas coisas. A primeira é o engano cometido pela Secretaria de Saúde de São Francisco de Assis, que marcou sua consulta para aquela quinta-feira, quando, na verdade, seria para o dia seguinte. O segundo percalço é a duração da jornada entre São Francisco de Assis e Santa Maria. Uma viagem de três horas de ida e mais três de volta, sem contar que o ônibus que trás Celi só sai da cidade depois que todos os demais passageiros (principalmente pacientes) já consultaram, isto é, no final da tarde.
 O que faz Celi acordar antes das 5h da madrugada e permanecer até o final da tarde esperando voltar para casa? O que faz com que ela continue vindo todas as semanas a Santa Maria, além do desejo de reestabelecer sua saúde e a crença no poder da medicina para tratar e curar suas doenças?
 Não estamos questionando que a medicina não possa cuidar dos problemas de saúde da população, mas que as pessoas permaneçam horas a fio sem reclamar, numa silenciosa e cansativa espera até o seu atendimento. Ou, no caso de Celi, de voltar para casa.
 O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera, simplesmente, pela consciência ou pela ideologia, mas no corpo e com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. Essa é uma das ideias fundamentais com que trabalha Foucault [Michel], no livro ‘A Microfísica do Poder’.
 O silêncio dos pacientes seria a representação de sua subordinação não só ao conhecimento médico, mas também à engrenagem no Estado. Foi um dos muitos métodos que a medicina criou para estabelecer-se e legitimar sua eficácia perante a sociedade.
 A partir do século XVIII, a medicina começou a elaborar um vocabulário para tratar das questões de saúde, já que era uma área recente que necessitava de uma série de procedimentos ‘científicos’ para sustentar sua prática.
 A igreja As igrejas são um bom exemplo de como se criou a instituição do silêncio, e de como ela modificou a relação do homem moderno com o seu mundo. Nesses lugares, podemos entender como a aparente ausência de sons fundou um novo olhar sobre a realidade.
 O silêncio não é só privilegio dos hospitais e bibliotecas, mas também das igrejas, principalmente as católicas. Nas práticas do Cristianismo, está a intenção de que a ausência de ruídos possa organizar uma série de práticas para a reflexão.
 Para o padre Bonini, da Catedral de Santa Maria, o silêncio é o momento da reflexão, da introspecção, por isso a sua necessidade dentro da Igreja Católica. O silêncio é a interiorização para dar voz à consciência. “É o momento de escutar a voz de Deus”, afirma Bonini. O silêncio é uma regra para que os seus participantes pudessem buscar o sentido para suas vidas e entendessem a si próprios através do olhar interior.
 Os padres anacoretas são um belo exemplo disso. Eles pertencem a uma Ordem da Igreja Católica, criada no Egito Antigo, onde os sacerdotes buscavam o refúgio e a reclusão em monastérios, vivendo solitariamente no deserto. Os anacoretas dedicavam-se às rações a fim de alcançar um estado de pureza da alma através da contemplação. São esses sacerdotes os primeiros cristãos a buscar o isolamento social para a salvação da alma.
 Segundo o padre Bonini, Santo Antão é considerado o fundador do monaquismo cristão (vida em reclusão) e o primeiro anacoreta. Santo Antão, cristão fervoroso, com cerca e 20 anos tomou o Evangelho ao pé da letra e distribuiu todos os seus bens aos pobres, partindo em seguida para viver no deserto. O monaquismo cristão nasceu e adotou-se o silêncio como instrumento fundamental para o seu exercício.
 A prática do silêncio não está somente na base do Cristianismo, mas também em diversas outras religiões. No Budismo temos o que se chama de ‘Nobre Caminho Óctuplo’, as oito práticas necessárias para o exercício dessa religião.
 O sexto mandamento refere-se à prática de autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente, para evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos. Nesse sentido, temos a prática da meditação, um dos fundamentos do Budismo.
 A meditação tem o objetivo de libertar a mente das emoções perturbadoras, buscando uma visão pura dos fenômenos. E dessa maneira expressar amor e compaixão imparciais por todos os seres.
 Da próxima vez que conseguir (sabemos que não será difícil) permanecer num refúgio sem ruídos, pense que o significado do silêncio não é o mesmo para distintos lugares. Na biblioteca, no hospital, na igreja: uma sugestão, uma conquista e uma prática.

 SILÊNCIO, POR FAVOR, pelo viés do colaborador Carlos Orellana*

 *Carlos Orellana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria e é Pós-Graduando em Comunicação Midiática na mesma instituição.

 

Em leilão, livros podem valer até R$ 150 mil


Taísa Szabatura

Apesar dos valores altos, os leilões de livros raros, são bastante disputados
 


Senhores engravatados e jovens despojados ocupam as cadeiras da sala de reunião de um hotel de luxo na capital paulista. Eles estão prestes a participar de mais um leilão de livros raros e papéis antigos, evento que acontece pelo menos duas vezes por ano. Alguns se cumprimentam com um aceno tímido da cabeça.

A simpatia, porém, dura pouco, pois há muita coisa em jogo. A obra mais cara do catálogo é um livro de gravuras feito a mão, de Maurice Rugendas, que esteve no Brasil em 1822: lance inicial de R$ 150 mil.
 O organizador do evento, Rogério Pires, dono da livraria Fólio, explica que existem diversos perfis de comprador. “Há o que busca primeiras edições, o obcecado por algum período histórico, o colecionador de autógrafos, o fã de livros de arte”, diz Pires.
Um dos livros mais disputados foi uma edição com dez serigrafias originais assinadas pela artista Renina Katz, com um poema de Hilda Hilst. O lance inicial era de R$ 6 mil e foi parar em R$ 10.500.
Para um colecionador, esses livros são verdadeiros objetos de desejo. Com tiragens pequenas e bom estado de conservação, são disputados pela exclusividade.
“O comprador leva para casa um objeto único e repleto de história”, diz Pires. O leiloeiro é provocador. “Ninguém vai pagar R$ 400 por esse exemplar com dedicatória do Carlos Drummond de Andrade. Vocês têm certeza?”, e então um dos compradores ergue a placa com o seu número, temendo perder uma grande oportunidade.
 Ao todo são 20 participantes, mas nem todo mundo sai da sala com uma obra debaixo do braço. O comprador que mais gastou desembolsou R$ 25 mil em seis obras. Já o exemplar de R$ 150 mil teve uma proposta de R$ 132 mil, não aceita pelo vendedor. Quer dar um lance?

Terapia com livros? Sim, é a Biblioterapia

Uma terapia diferente: com livros, e aplicada por uma equipe multidisciplinar, com psicólogos e bibliotecários. Esta é a biblioterapia, que tem cada vez mais atenção em políticas públicas de saúde. A aluna do primeiro semestre noturno, Isabela Martins Moreira, explica o que é a biblioterapia e como funciona.

Muitas vezes quando estamos tristes ou chateados, pegamos um livro que gostamos, e o abrimos em uma página aleatória e lemos um trecho ou um parágrafo, buscando conforto emocional, ou mesmo respostas para questões difíceis da vida. Esse ato que consideramos as vezes banal pode ser considerado como BIBLIOTERAPIA,  terapia utilizada a muitos anos em hospitais e clinicas, que utiliza livros para levar paz e conforto a pacientes. Ela consiste em utilizar livros ou textos selecionados por Bibliotecários e Psicólogos, utilizados em sessões de tratamento, incentivando o paciente, através da leitura que ele exponha de maneira saudável seus sentimentos e angustias no ambiente da internação ou tratamento hospitalar.

Aqui no Brasil a biblioterapia entra em voga, após a anuncio do projeto de Lei do Deputado Giovani Cherini, do PDT-RS, que defende o uso da tecnica em hospitais do SUS. O texto coloca também que os familiares de pacientes internados também poderão utilizar dessa terapia para amenizar o sofrimento que uma internação causa em toda a família.

Outro aspecto da biblioterapia é como ela pode ser utilizada em presidios, incentivando o detento a entrar em contato com um mundo muitas vezes completamente desconhecido por ele.

A importância do Bibliotecário é de modo inegável enorme, pois, cabe a ele selecionar de maneira criteriosa o conteúdo a ser oferecido ao individuo em questão. O cuidado em levar em conta o histórico de vida e o que ele esta passando no momento é essencial.

A busca por tratamentos alternativos, aliados aos tratamentos convencionais não tem fim. O conforto e bem-estar que tratamentos como a Biblioterapia traz, são indescritiveis, para todas as idades e tipos de patologias e também situações. Muito válido tambem pois os resultados desses tratamentos valorizam os profissionais envolvidos, no caso Bibliotecarios e Psicologos, principalmente.
Saiba mais sobre a biblioterapia:


Fonte: http://monitoriafabci.blogspot.com.br/2013/03/terapia-com-livros-sim-e-biblioterapia.html



Biblioteca nos Estados Unidos além de livros, empresta sementes


Sair de biblioteca apenas com livros e CDs é coisa do passado na Biblioteca Pública de Basalto no Colorado, Estados Unidos. O local adicionou um banco de sementes na sua coleção de meios de comunicação. Os visitantes além de usufruírem de uma boa leitura, também podem virar produtores de frutas ou legumes e de novas sementes que devem voltar ao local de origem.
Para participar é simples. O leitor adquire o pacote de sementes e planta. Quando o vegetal cresce é só colher as sementes e devolvê-las à biblioteca para que outras pessoas possam usá-las.

As sementes são armazenadas em envelopes com etiquetas que descrevem informações da fruta ou vegetal, e o nome do produtor, no intuito de dar crédito às pessoas que se esforçaram no cultivo.Segundo a American Library Association, existe pelo menos uma dúzia de programas semelhantes em todo o país. E para a diretora da biblioteca, Barbara Milnor, o local pode parecer estranho para o projeto, mas é uma ótima solução para ampliar o acesso de sementes e plantas à população, afirmou no portal NPR.
Já para a frequentadora Stephanie Syson, a biblioteca tem sido um lugar onde a filha aprende. As sementes adicionaram apenas mais uma nova lição.
* Publicado originalmente no site EcoD.
 (EcoD)

Na berlinda, bibliotecas se reinventam no Brasil e no mundo


Paula Adamo Idoeta
A futura biblioteca de Aarhus, na Dinamarca, será parte de um complexo multiuso e tecnológico
 
Reduções nas verbas, perda de protagonismo do livro para mídias digitais e, em muitos casos, declínio no número de visitantes. O cenário atual é preocupante para bibliotecas públicas de todo o mundo, mas muitas estão aproveitando o momento para se revitalizar, embarcar em novos formatos e em novas tendências urbanísticas.

O objetivo é atrair antigos e novos visitantes e, em muitos casos, virar um centro de referência sociocultural, em vez de apenas um local de leitura.
Na Dinamarca, a futura biblioteca de Aarhus será parte de um grande complexo urbano, inserido nos planos de revitalização da baía da cidade.
O complexo, a ser concluído em 2015, vai incluir repartições públicas, espaços para shows, cursos e reuniões, áreas para serem alugadas à iniciativa privada e um café com vista para a baía. Móveis modulados permitirão que as salas da biblioteca sejam usadas para diferentes propósitos ao longo dos anos, de acordo com a demanda dos usuários.
"É muito mais do que uma coleção de livros", diz à BBC Brasil Marie Ostergard, gerente do projeto. "É um local de experiências e serviços. Notamos que precisávamos dar mais espaço para as pessoas fazerem suas próprias atividades ou para se encontrar."
Manguinhos e Carandiru
Aarhus resume as ambições da nova biblioteca – que incorpora novas mídias, cria espaços multiuso em constante transformação, é parte de um plano urbanístico transformador e almeja fomentar novas pesquisas e ideias.
Mas há exemplos semelhantes em todo o mundo, da Ásia e Oceania à América Latina, inclusive no Brasil.
Aqui, novas tendências inspiraram a construção de bibliotecas como a de Manguinhos, na zona Norte do Rio, para atender um complexo de 16 favelas com um acervo de 27 mil títulos, além de salas para cursos gratuitos, para reuniões comunitárias e para projetos multimídia. Um café e um cineteatro devem ser inaugurados neste semestre.
A iniciativa, repetida em outras áreas do Rio, é parte do projeto biblioteca-parque, copiado de Medellín, na Colômbia.
Na cidade colombiana, áreas carentes receberam grandes bibliotecas que servem para conectar outros espaços públicos e oferecer também cinema, cursos, shows de música.

De volta ao Brasil, exemplo semelhante é visto também na Biblioteca de São Paulo, erguida junto ao Parque da Juventude, na área do antigo presídio do Carandiru (zona Norte).
 É uma retomada da função da biblioteca, antes vista como um lugar muito elitizado ou como um mero depósito sucateado de livros", opina à BBC Brasil Adriana Ferrari, coordenadora da unidade de bibliotecas da Secretaria da Cultura paulista.
Acervo e futuro

Mudar a forma de se relacionar com o público significa também mudar o acervo, incorporando DVDs, games e, é claro, e-books e leitores digitais, como o Kindle.
Para aumentar o apelo ao público, em especial o mais jovem, as bibliotecas também têm ampliado seu acervo de best-sellers, indo além dos livros clássicos – algo que pode incomodar os mais ortodoxos.
Para Ferrari, porém, oferecer best-sellers e uma agenda cultural intensa é essencial nas novas bibliotecas. "Tem que ter novidade todo dia e aproveitar as ondas", diz ela.
Isso inclui promover os livros da série Crepúsculo, por exemplo, "sem fazer juízo de valor" sobre a qualidade da obra. "Aos poucos, a qualificação desse leitor vai acontecendo."
Na opinião de Antonio Miranda, professor da Universidade de Brasília e consultor na criação de bibliotecas, o futuro reserva três tipos de modelos para as bibliotecas: a patrimonial, com acervo sobretudo histórico e clássico; a híbrida, que mescla o acervo antigo ao de novas mídias; e a sem livros - totalmente digitalizada e focada, por exemplo, no ensino à distância.
EUA
Nos EUA, tem aumentado o número de bibliotecas que oferecem mais best-sellers e criam ambientes semelhantes ao de livrarias, com cafés, vending machines, aluguel de salas para reuniões e espaços que não exigem silêncio dos visitantes.
Reportagem do New York Times relata que muitas bibliotecas estão preenchendo o vazio deixado pelo fechamento de livrarias no país.
Apesar disso, trata-se de um momento de crise para o setor. Relatório da Associação de Bibliotecas da América (ALA, na sigla em inglês) cita cortes "draconianos" nas verbas estatais para as bibliotecas e disputas com editoras envolvendo o empréstimo de e-books.

Sem dinheiro, a Filadélfia, por exemplo, suspendeu uma grande reforma que planejava para sua biblioteca pública e quer buscar apoio privado, bem como cobrar usuários pela oferta de "serviços premium".
Mas seu plano contempla também as novas tendências bibliotecárias: aumentar a presença virtual, adaptar seu espaço a novas demandas e engajar visitantes com projetos de alfabetização e empreendedorismo.
"A biblioteca do futuro pode ser um centro de criatividade, para a criação de aplicativos virtuais e promoção de mudanças na comunidade", afirma à BBC Brasil Maureen Sullivan, presidente da ALA.
"O novo conceito é o de ser um espaço de produção de conhecimento e cultura fora do ambiente acadêmico", opina Vera Saboya, superintendente de leitura do Estado do Rio, responsável pela biblioteca de Manguinhos.