Cerca
de 1.500 dos 6.576 táxis que rodam pela capital têm exemplares
Benefício.
O taxista Almeida aproveita projeto para ler e diz preferir autores de sua
terra, a Bahia
Camila
Bastos em O Tempo
Atendente
em um restaurante no centro da capital, Beatriz Eugênia de Jesus, 42, adora
ler, mas reclama da dificuldade de acesso aos livros. “É muito caro comprar, e
é fora de mão ir às bibliotecas públicas”, diz. No entanto, ela descobriu uma
campanha que disponibiliza exemplares em táxis da cidade, e desde a última
semana, todas as noites lê um pouquinho de um romance – seu gênero literário
preferido.
Denominado
Bibliotáxi, o projeto disponibilizado pelo aplicativo para smartphones Easy
Taxi desde março de 2013 objetiva que o passageiro pegue um exemplar durante a
corrida e leve para ler em casa. Não há prazo para a devolução, que pode ser
feita em qualquer carro da rede. Em Belo Horizonte, cerca de 1.500 dos 6.576
táxis que rodam pela cidade carregam os livros.
Os
passageiros também são incentivados a doar livros ao Bibliotáxi. “Algumas
pessoas pegam o livro e acabam trazendo mais uns de casa. Mas também tem muita
gente que não devolve, e a gente fica um tempo sem nenhum”, diz o taxista Luiz
Sérgio Amaral, que aderiu ao projeto há cerca de um ano.
“Nossa
ideia é incentivar a leitura. Se a pessoa leva um livro para casa já é uma vitória.
Se ela devolve e doa outros, melhor ainda”, avalia o criador do aplicativo,
Tallis Gomes.
Adesão.
Para tentar garantir que os livros sejam devolvidos, o taxista Osvaldo de
Almeida, 59, oferece os livros para os passageiros que já conhece. “Como o livro
fica exposto, o usuário do táxi pode pedir o livro, mas eu só divulgo o projeto
para quem eu conheço”, afirma. Ele conta que a estratégia deu certo, e quase
sempre recebe os livros de volta. Nesta segunda, ele foi buscar mais dois no
ponto de recolhimento, na região Oeste, porque todos os exemplares estavam
emprestados.
Além
de emprestar os livros, Almeida aproveita para colocar a leitura em dia e até
troca opiniões sobre as histórias com os passageiros. Baiano, ele prefere os
autores da sua terra, mas diz que gosta de ler de tudo. “A literatura da Bahia
é mais leve, mais divertida”, diz o taxista, fã de Jorge Amado.
Destaque
Minas.
Belo Horizonte tem o maior número de analfabetos entre as capitais do Sudeste:
69.183 pessoas, quase 3% da população, segundo o Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (2010).
Saiba mais
Funcionamento. O
passageiro escolhe um livro em um dos táxis do programa e o leva para casa. Sem
prazo para fazer a devolução, ele pode entregar o exemplar em qualquer carro da
rede Easy Taxi e também fazer doações ao programa.
Frota.
São 6.576 táxis na capital mineira. Desses, cerca de 1.500 participam do
projeto. Ao todo, cem cidades no Brasil, no Chile, no Peru e na Colômbia
participam do Bibliotáxi.
Minas.
No Estado, além da capital, a campanha também está presente em Juiz de Fora, na
Zona da Mata, e em Contagem e Betim, na região metropolitana.
Parceria.
Em maio deste ano, o programa recebeu uma doação de mais de 80 mil exemplares
da livraria Saraiva. O acervo conta com livros de todos os estilos literários.
Alcance.
Ao todo, 111,4 mil passageiros andam de táxi todos os dias em Belo Horizonte.
São realizadas 87,7 mil corridas diárias na cidade, e mais de 12 mil taxistas
trabalham na capital mineira.
Metrô mantém acervo com
4.000 obras
O
metrô de Belo Horizonte também tem uma iniciativa que une mobilidade urbana com
incentivo à cultura. A Biblioteca Estação Leitura fica na Estação Central, no
centro da cidade, e está aberta a todos os moradores da cidade.
O
acervo conta com cerca de 4.000 exemplares das literaturas nacional e
internacional. Segundo o site do Metrô BH, até junho desse ano, cerca de 4.500
pessoas eram sócias da biblioteca.
Para
o cadastro, é preciso cópia do documento de identidade, do CPF e do comprovante
de residência. Os menores devem ir acompanhados pelos pais.
Fonte: Livrosepessoas