Flip 2017: autores dão dicas a escritores iniciantes

Marlon James, Luaty Beirão, Lilia Swcharcz e Frederico Lourenço aconselham quem quer se tornar autor. Festa Literária Internacional de Paraty acabou neste domingo.


"Que dicas você dá a alguém que queira se tornar um escritor, como você?"


·        O premiado jamaicano Marlon James;
·        O rapper e ativista angolano Luaty Beirão;
·        A historiadora Lilia Schwarcz, biógrafa de Lima Barreto;
·        O português Frederico Lourenço, tradutor da 'Bíblia'.


Veja, abaixo, as dicas dos autores da Flip 2017:


Foi esta a pergunta que o G1 fez a quatro convidados da 15ª Festa Literária Internacional de Paraty
(Flip), que terminou neste domingo (30). Eles de estilos bastante variados: tem romancista
premiado, autor de não ficção, cantor e acadêmico:


Em geral, sugerem fé si mesmo e, principalmente, estilo original (nada de imitar autor bem-sucedido).



Ganhador do Man Booker Prize de 2015 e astro da Flip 2017, o jamaicano Marlon James, autor de 'Breve história de sete assassinatos', aconselha: 'Sempre acredite no seu valor. Seu tempo chegará quando você for o único a acreditar em si mesmo'.




O rapper e ativista luso-angolano Luaty Beirão, que lançou na Flip 2017 um diário da época em que esteve preso por ler um livro 'subversivo', dá a seguinte dica: 'Nunca deixe ninguém fazer com que você duvide das suas próprias capacidades. insista até que funcione. Não imite, seja original'.




O português Frederico Lourenço, tradutor da 'Bíblia' do grego para o português, recomenda: '"A fonte principal da escrita é a vida e, por isso, o escritor tem de viver de forma inteira, mergulhado na vida, mas ao mesmo tempo mantendo a capacidade de se observar a mergulhar'.




A historiadora e escritora Lilia Schwarcz, autora da biografia 'Lima Barreto: Triste visionário', dá a dica: ''Queridos amigos jovens escritores, curiosidade e solidariedade são os segredos'.



Flip deu visibilidade a autores negros e a temáticas da periferia

Edição 2017 da Festa Literária Internacional de Paraty teve como estrela a professora Diva Guimarães, com sua fala sobre como enfrentou o racismo.

As escritoras mineiras Conceição Evaristo e Ana Maria Gonçalves durante a mesa 'Amadas'

Escritores, organizadores e quem passou pelas ruas de pedra durante a 15ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) chegaram ao último dia do evento com a percepção de que algo mudou. Não que, antes desta edição, não se pudesse ver na cidade a diversidade do povo brasileiro. A marca da descendência indígena, sobretudo, é inquestionável, seja nos traços dos nativos, seja no artesanato exposto nos espaços públicos ou no próprio nome do Rio Perequê-Açu.

Desta vez, porém, foi diferente na Flip que teve o escritor Lima Barreto como patrono. Ao convidar para as mesas mais escritoras mulheres (23, o mesmo número de homens) e mais autores negros (30%) em relação a outras edições, a festa mudou o perfil de seus frequentadores. A diversidade estava presente nos cabelos crespos orgulhosamente exibidos pelas moças, nos leitores negros que participaram dos eventos, na proliferação de saraus em que jovens declamavam os próprios versos – como ocorreu sábado, no Largo do Rosário, durante Sarau Boto Fé.

A palavra, realmente, era franca a quem quis celebrá-la. ''Num ano tão adverso, chegamos à maturidade da ocupação do espaço público com a cultura. Flip é intervenção e ao mesmo tempo leitura das coisas que estão acontecendo. Desta vez, ficou mais claro a experiência que é a Flip, clareza que está em seu DNA desde o começo, assim como na convivência com os moradores, na diversidade que a gente viu este ano'', pontuou Mauro Munhoz, diretor-geral da Flip, ao apresentar o balanço dos cinco dias de festa.

Boa parte das mesas foi realizada na Igreja Matriz Nossa Senhora dos Remédios. Com capacidade para 400 pessoas, as sessões lotaram todos os dias – os ingressos custaram R$ 55. O mesmo ocorreu no auditório montado às margens do Rio Perequê-Açú, com 700 lugares e acesso gratuito às palestras exibidas no telão.

''Fiquei muito feliz este ano. Voltamos ao começo. Josélia construiu uma programação maravilhosa. Amei a nova forma, tanta diversidade no Centro da cidade'', afirmou a britânica Liz Calder, referindo-se à jornalista Josélia Aguiar, curadora da feira literária. Fundadora da editora londrina Bloomsbury, Calder é idealizadora e presidente da Flip.

DIVA

A estrela desta edição não foi uma escritora, mas a professora paranaense Diva Guimarães, de 77 anos. Seu relato emocionou o ator e escritor Lázaro Ramos, a jornalista portuguesa Joana Gorjão Henriques e o público durante a mesa A pele que habito, na manhã de sexta-feira, 28. A fala sensível sobre como Diva enfrentou o racismo, por meio da educação, caiu na rede, fazendo dela a celebridade da Flip. Diva foi recebida por Lázaro e pela escritora mineira Conceição Evaristo, tirou fotos com as pessoas na rua e foi ovacionada em vários eventos a que assistiu.

A Flip foi marcada por manifestações políticas, com gritos de ''Fora, Temer'' e ''Fora, Pezão'' destinados ao presidente da República, Michel Temer, e ao governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. O poeta André Vallias criticou a prisão de Rafael Braga, jovem negro detido nas manifestações de junho de 2013. Na mesa Foras de série, o historiador João José Reis fez considerações acerca do governo brasileiro, do ensino de literatura e da cultura afro-brasileira nas escolas e das cotas sociorraciais. E denunciou a ''escravidão contemporânea''.

APLAUSOS Durante a mesa de encerramento Amadas – ao lado das autoras mineiras Conceição Evaristo e Ana Maria Gonçalves –, a curadora Josélia Aguiar foi muito aplaudida por ampliar a participação de autores negros no evento.
''O fato de ter mais mulheres e mais autores negros não deixa de fazer da Flip uma festa literária. É a literatura que está em primeiro plano. Num primeiro momento, fazemos a pesquisa de autores, da diáspora negra, árabes, nórdicos, asiáticos e americanos. Depois você compõe uma espécie de Tinder literário. O segundo momento é pensar as combinações'', contou ela.

Para Conceição Evaristo, a mudança na curadoria foi fruto da mobilização de homens e mulheres negras. ''Não é uma concessão. É um direito estarmos aqui'', resumiu a autora do romance Becos da memória.

Pela primeira vez, o evento contou com a série Fruto estranho, em que os autores apresentavam versos de maneira performática. A atriz e dramaturga Grace Passô e o poeta e multiartista Ricardo Aleixo, ambos mineiros, conquistaram o público.

A escritora Ana Maria Gonçalves espera que a curadoria mais inclusiva influencie outros eventos. ''Feminismo, racismo e migração foram temas contemplados, tudo isso sem perder o foco na literatura. Que todos se inspirem nesse modelo de festa inclusiva e representativa'', afirmou.

FLIP PRETA

Os jovens integrantes do coletivo Nuvem Negra, que vieram à cidade fluminense cobrir a ''Flip preta'', comemoraram a maior representatividade desta edição, mas acreditam que ela pode ser maior.

''É a minha quarta Flip e a diferença ficou bem clara. Há presença maior de pessoas negras, mas ainda é pouco. A fala da dona Diva só ocorreu porque ela encontrou espaço, porque era o Lázaro que estava na mesa'', disse Bruna Souza, de 24 anos, estudante de desenho industrial da PUC Rio.

A estudante de jornalismo Gabriele Roza, de 21, destacou a importância do lançamento do catálogo Intelectuais negras visíveis, organizado pela professora Giovana Xavier, que reuniu mulheres negras de todas as idades na Casa Amado e Saramago. ''Podemos falar sobre tudo: amor, literatura... Enfim, assuntos universais'', comentou.

ECLETISMO

A Flip 2017 ofereceu eventos memoráveis. Um deles foi a conversa de Pilar del Río com Paloma Amado, que lançaram o livro Com o mar por meio (Companhia das Letras), reunindo cartas trocadas entre os escritores José Saramago e Jorge Amado. A linguagem e a radicalização de experimentações foram tema da mesa formada pelo cineasta Carlos Nader e a escritora chilena Diamela Eltit. Outro ponto alto foi a mesa O grande romance americano, com os autores premiados Marlon James e Paul Betty.

4 formas de incentivar a leitura nas crianças




Quem já teve a oportunidade de perder-se entre as páginas de um livro sabe que a leitura é uma das melhores atividades para quem deseja momentos relaxantes, prazerosos e cheios de aprendizado. Um livro tem o poder de transportar a mente para dimensões únicas, além de ser uma excelente fonte de inspiração para a criatividade. Entre os diversos capítulos de uma obra, o leitor passa a enxergar a vida de uma maneira diferente e a estimular seu pensamento reflexivo.

Para as crianças, esses benefícios são ainda mais preciosos. Incentivar o hábito da leitura, desde cedo, é muito importante pois é, durante a infância, que os pequenos começam a se desenvolver física e cognitivamente. Além disso, essa é uma fase de descoberta em que as crianças aprendem a distinção entre aquilo que é correto e aquilo que não é, e também iniciam o processo de alfabetização e conhecimento de mundo. Pensando nisso, reunimos algumas dicas para ajudar a você a incentivar o hábito de leitura no seu pequeno. Confira!

1 – Não obrigue a criança a ler

O primeiro passo é evitar qualquer tipo de obrigação relacionada à essa atividade. Os pequenos devem se sentir interessados pela leitura e enxergá-la como algo prazeroso. Por isso, a dica é que os próprios pais comecem a ler para os seus filhos, até mesmo para aqueles que já iniciaram o processo de alfabetização. Observando o entusiasmo dos pais, as crianças ficarão ainda mais interessadas pelo livro.

2 – Encontre o tipo de leitura que o seu filho gosta

Levar em conta o gosto da criança é um ponto-chave para incentivar a leitura. Por isso, é fundamental conversar com o seu filho sobre suas preferências ou levá-lo para escolher algum livro na seção infantil da biblioteca ou livraria. Se a criança se interessa por pintura, por exemplo, um livro de colorir pode ser uma boa pedida.

3 – Escolha o livro apropriado para a idade

Um fator fundamental para incentivar a leitura é fazer a escolha do livro de acordo com a idade da criança. Antes da alfabetização, os pequenos tendem a ter um contato visual e a querer sentir os livros com as próprias mãos. Nessa fase, edições de livros coloridos e feitos de plástico são ideais. Já com o início da alfabetização, é indicado que os pais adotem um método de leitura alternada, ou seja, deixar o filho ler uma parte da história e o pai a outra. Nesse momento, prefira livros que tenham um equilíbrio entre a escrita e as ilustrações.

Para não errar na escolha das obras, uma boa opção é assinar um clube do livro e, assim, receber títulos adequados para a idade do seu filho. A Leiturinha é um exemplo de clube de assinatura de livros infantis. O clube conta com uma equipe de curadoria, composta por profissionais especializados na área de pedagogia e psicologia, que seleciona os livros apropriados para a idade de cada criança.

4 -Estimule o interesse para a criação de histórias

Mesmo após a alfabetização, é fundamental a participação dos pais para que os pequenos continuem envolvidos com a leitura. A última dica, então, é instigar a criação de histórias para que os pequenos criem suas próprias narrativas e, quem sabe, até seus próprios livros. Assim, a criança desenvolverá a capacidade cognitiva, criativa e ficará ainda mais interessada por livros.