A falta de espaço nas
residências e em 65% das escolas públicas e privadas do Brasil dificulta a
implementação de uma biblioteca física, mas isso não é uma barreira para a
disseminação do conhecimento, segundo o empresário Jonas Suassuna, criador da
biblioteca online Nuvem de Livros, que disponibiliza mais de 10 mil conteúdos
para computadores, tablets e celulares dos cerca de 1 milhão de assinantes.
Jonas Suassuna, presidente
do Grupo Gol, produtor e distribuidor de conteúdos multimídia de entretenimento
e educação, sabe que sua paixão pela literatura está no sangue.
Ele é sobrinho do escritor
paraibano Ariano Suassuna e foi o responsável pela criação da Nuvem de Livros
(http://www.nuvemdelivros.com.br/), uma biblioteca online multiplataforma,
feita em parceria com a companhia telefônica Vivo, que disponibiliza os
arquivos educacionais sem a necessidade de download.
A ideia do projeto, que
nasceu há sete anos e foi implantado há dois, veio do "inconformismo"
do empresário com a falta de acesso aos livros em escolas públicas,
principalmente de regiões remotas do Brasil.
"O governo brasileiro
assinou uma lei que diz que, até 2020, todas as escolas brasileiras, públicas e
privadas, devem ter uma biblioteca com pelo menos um livro por aluno (Lei da
Biblioteca Escolar). Quem conhece a realidade da escola pública brasileira sabe
que isso vai ser muito difícil", disse Jonas à Agência Efe. Segundo ele,
há, hoje, no país um deficit que impacta cerca de 15 milhões de crianças e
jovens.
Levando em conta a
improbabilidade de que o país construa milhares de bibliotecas em menos de 10
anos, o empresário buscou, determinantemente, outra solução viável.
Segundo dados fornecidos
pela empresa, "o Brasil é a quinta maior plataforma de telefonia celular
do mundo. O 3º maior mercado mundial de desktops. Hoje, 60% dos acessos de
internet na América Latina são feitos aqui. Se é difícil fazer bibliotecas
físicas, existe a possibilidade real de fazer uma digital".
O acervo da Nuvem de
Livros apresenta material didático, livros selecionados por uma curadoria sob o
comando do respeitado autor Antônio Torres, audiolivros, vídeos e teleaulas (em
parceria com a Fundação Roberto Marinho), notícias produzidas em vários países
pela Agencia Efe que compõem os mais de 10 mil conteúdos que estão disponíveis
na internet, em tablets e celulares, e disponibiliza conteúdos de ensino
profissionalizante e games educacionais.
Os usuários da biblioteca
online Nuvem de Livros podem fazer a busca nos livros por capítulo ou por
termo, marcar as páginas e estudar mapas interativos, enquanto os professores
podem propor conteúdos, selecionar suas leituras e controlar o que os alunos
estão pesquisando em ambientes de convergência criados com esta finalidade.
Segundo a empresa, o plano
era criar uma plataforma de conteúdos protegidos contra a pirataria que
pudessem atender a demanda de cerca de 15 milhões de alunos de escolas que não
possuem biblioteca e de 3 milhões de universitários de cursos à distância que
também não tem onde fazer suas pesquisas, além de famílias que não contam com
espaço para estantes de livros em casa e de indivíduos que queiram acessar
conteúdos literários de qualidade produzidos pelas 150 mais importantes e
respeitadas editoras do mercado brasileiro e mundial.
"Na biblioteca
virtual, você pode conferir a qualidade da informação que seus filhos estão
buscando. Hoje, em um site de busca, não há segurança alguma sobre a
confiabilidade do conteúdo, pois você encontra de tudo ali. A Nuvem de Livros
traz qualidade, pluralidade, segurança e bom preço", explicou Jonas.
A assinatura escolar custa
cerca de R$ 2,00 mensais por aluno, e os clientes particulares pagam cerca de
R$ 8 por mês para ter acesso ilimitado aos conteúdos, em quaisquer plataformas.
"Acho que o grande
charme da Nuvem, além do acervo, é a portabilidade. Você poder ler um livro ou
assistir a uma aula em qualquer lugar, é uma forma interessante de ter acesso a
um conhecimento seguro", disse Jonas.
A Nuvem de Livros conta
com mais de 150 profissionais espalhados pelo mundo, entre professores,
pedagogos, bibliotecários e curadores de conteúdos. Em paralelo, mantém equipe
de 80 professores que se responsabilizam, nos ambientes escolares, pela
capacitação e motivação dos educadores, engajando-os no processo de modo a
permitir que a Nuvem de Livros seja utilizada, eficientemente, como ferramenta
pedagógica em salas de aula.
"Não dava para um
profissional da área de tecnologia explicar o funcionamento da biblioteca para
um professor. Os discursos são diferentes, distintos, a terminologia é
outra", afirmou o empresário.
Para Jonas, um dos
principais desafios da equipe foi convencer as editoras a embarcar no projeto.
A preocupação era com a disponibilização de conteúdo e a garantia de que não há
possibilidade de pirataria.
"Não é um tipo de
gente retrógrada. Ao contrário, são indivíduos com visão contemporânea,
atualizados e sensíveis. Mas é um mercado que está vendo o seu negócio mudar.
Nenhum editor de livro é dono de fábrica de papel. Eles são experts em garimpar
e produzir conteúdo de qualidade", afirmou.
"Nossa obrigação é
organizar essa massa de conteúdo do ponto de vista literário e pedagógico de
forma pertinente e, principalmente, disponibilizar uma ferramenta tecnológica
que permita a interação com a biblioteca da forma mais simples possível,
participativa, atrativa e por um preço convidativo", explicou o criador do
projeto.
A Nuvem de Livros já está
presente também na Argentina e deve começar a operar em outros países da
América Latina e na Espanha a partir de setembro.
Fonte: Terra