Bibliotecas conquistam o cidadão em BH e oferecem mais que livros

Como ambiente para estudo e centros irradiadores de cultura, esses lugares funcionam em diversos pontos da capital mineira.

Elione Cavalcante e Ana Paula de Paula são frequentadoras assíduas da biblioteca do Centro de Cultura Lindeia Regina


Discretas, elas são encontradas em toda a capital. De tão presentes na vida cotidiana de BH, as bibliotecas correm o risco de passar despercebidas. Mas o público comparece: algumas delas são campeãs de visitação. Este ano, nada menos de 28 mil leitores têm procurado, mensalmente, a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade. A maioria é estudante, tem de 17 a 30 anos e ensino médio completo. As mulheres predominam.

Calcula-se que uma centena de endereços de instituições públicas e privadas, com os mais diversos perfis, receba leitores em BH. De acordo com especialistas, o fato se deve ao bom trabalho desenvolvido em silêncio, há décadas. “Os números são expressivos, mas precisamos ampliá-los. O ideal é termos uma biblioteca em cada bairro”, afirma Marina Nogueira Ferraz, diretora do Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas Municipais de Minas Gerais. “Leitura é um direito do cidadão. Quem domina o mundo letrado tem mais facilidade de se inserir no mundo”, observa.

Fenômeno pouco percebido, houve multiplicação e descentralização das universidades em BH e várias regiões da capital ganharam bibliotecas importantes. A UFMG mantém em caráter experimental duas unidades que funcionam 24 horas por dia nas faculdades de Ciências Econômicas e de Letras, ambas no câmpus da Pampulha.

“Quem chega a uma biblioteca universitária tem contato com um ambiente que pode mudar os rumos de sua vida”, afirma Wellington Marçal de Carvalho, diretor do Sistema de Bibliotecas da UFMG. Para ele, biblioteca de verdade deve ter instalações, mobiliário e acervos adequados, além de pessoal qualificado. “Não pode ser um amontado de livros e a placa dizendo que é biblioteca”, adverte.

Waney Alves Reis coordena a biblioteca do Centro Cultural Salgado Filho, na Região Oeste de Belo Horizonte. “Oferecemos o que as pessoas demandam. Quer livro emprestado? Precisa fazer pesquisa? Quer conhecer literatura? Pode vir. Meu público não sai sem resposta”, garante Waney, que cadastra de 14 a15 novos leitores por mês, sobretudo de 8 a 16 anos. “É o nosso forte”, conta ela, ressaltando a clientela acima dos 40 anos, com presença expressiva de aposentados.

Waney detectou uma novidade: adultos podem até não ser leitores, mas incentivam os mais novos a ler. “Isso é muito positivo. Vivemos um momento difícil, marcado pelo consumo de drogas e violência. A literatura traz algo mais para a vida, é alívio para dia a dia complicado”, analisa.

Marly Diniz busca seus livros no centro cultural do Bairro Salgado Filho


Marly Eustáquio Diniz, de 63 anos, mora no Salgado Filho. Ao fazer ioga no centro cultural do bairro, ela descobriu a biblioteca e mergulhou na literatura brasileira. “Gosto de pegar romances para me distrair, de ler livros que me deixam alegre e feliz”, conta. Ela adorou 'Memórias de um fusca', de Origenes Lessa, e ficou impressionada com 'Memórias póstumas de Brás Cubas', de Machado de Assis. Marly mantém o hábito de ler histórias para a neta. “É importante ir colocando na cabecinha dela que leitura é importante, inclusive para o desenvolvimento escolar”, explica.

“Minha vida atual é correr e estudar”, brinca o aposentado José Adão Pereira Lopes, de 75, sentado numa das mesas do anexo da Biblioteca Luiz de Bessa, na Praça da Liberdade. Depois do curso de filosofia, ele está às voltas com as aulas de francês. “Aqui, o material de consulta é amplo e mais confiável que a internet”, garante. Rafael Peduti, de 17, estuda matemática na mesa em frente à de Lopes. “Este local é lugar apropriado para estudar, até melhor do que em casa. É só você e o livro, não tem distração, barulho”, elogia o rapaz, às voltas com exames para o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA).

Príncipe

A mineira Ana Paula de Paula, de 36, e a maranhense Elione Cavalcante, de 44, conheceram-se ao levar os filhos a oficinas no Centro de Cultura Lindeia Regina, na Região do Barreiro. Ambas se cadastraram na biblioteca. “Até gosto de ler, mas só aqui comecei a pegar livros”, conta Ana, que adorou O pequeno príncipe, do francês Saint-Exupéry.

Elione passava de ônibus diante do centro cultural quando viu cartazes anunciando a biblioteca. “Vim porque gosto de ler e não tenho como comprar livro. Leitura é viagem sem sair do lugar, você vai a outros mundos”, explica. Além disso, trata-se de “diversão sem gasto”. Elione pegou emprestados De primeira-dama a prostituta, de Adelaide Carraro, e um livro de Stephen King que virou filme. Depois de ensaiar escrever um romance, a maranhense agora se dedica à poesia.

Oferta descentralizada

Belo Horizonte conta com 23 bibliotecas públicas. É a segunda cidade brasileira com mais equipamentos públicos dessa natureza. São Paulo tem 132.

Há 15 unidades em centros culturais da capital mineira e em três regionais da prefeitura, além da Biblioteca Pública Infantil e Juvenil de Belo Horizonte (na antiga Fafich, no Bairro Santo Antônio) e a unidade que funciona no Centro de Referência da Moda (na esquina de Avenida Augusto de Lima com Rua da Bahia, no Centro). Aos domingos, funciona um Ponto de Leitura no Parque Municipal.

A Fundação Municipal de Cultura calcula que anualmente os equipamentos ligados à prefeitura atendem 160 mil pessoas, emprestam cerca de 40 mil livros e promovem cerca de 800 atividades, entre oficinas, rodas e clubes de leitura e palestras de escritores. O acervo conta com 160 mil volumes.

Em BH, o cidadão conta com bibliotecas no Espaço Cento e Quatro, Museu de Arte da Pampulha, Museu Histórico Abílio Barreto, Arquivo da Cidade de Belo Horizonte, Associação Brasileira dos Judeus Descendentes da Inquisição, Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha), Sesc MG e a Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa, além de unidades ligadas às universidades UFMG, Izabela Hendrix, Newton Paiva, Fead, UNA, UFMG, Fumec, Uemg, PUC Minas, UniBH e Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia.

LEITURA DINÂMICA

97%
dos 5,4 mil municípios brasileiros têm biblioteca pública.

61%
dos usuários no Sudeste procuram bibliotecas para pesquisas escolares.

835
dos 853 municípios mineiros contam com biblioteca pública, de acordo com o IBGE.

2,12
bibliotecas por 100 mil habitantes na Região Sudeste.

4,14
bibliotecas por 100 mil habitantes em MG, o terceiro estado no ranking nacional.


"Os livros são uma janela para o mundo"

Márcio Roberto Sousa Pereira, 31, é professor da escola da comunidade Tracajatuba, em Macapá (AP), onde ajudou a erguer a sede da biblioteca Vaga Lume. O educador conta que cada morador colaborou como podia na construção - com uma telha, alguns tijolos ou a própria força de trabalho.

As histórias dos livros também vão à casa dos moradores. Os mediadores de leitura escolhem um local, espalham em esteiras o acervo literário e leem para criança, adulto e idoso. Nesses encontros, netos leem para seus avós.

"Os livros são uma janela para o mundo", diz o mediador da Vaga Lume, associação criada pela finalista do Prêmio Empreendedor Social 2013 Sylvia Guimarães que, por meio da leitura, da escrita e da oralidade, faz intercâmbios culturais e apoia a autogestão de bibliotecas comunitárias, que promovem o protagonismo de comunidades rurais da Amazônia.

Márcio Roberto Sousa Pereira é professor da escola da comunidade Tracajatuba, em Macapá (AP)
Márcio Roberto Sousa Pereira é professor da escola da comunidade Tracajatuba, em Macapá (AP)

Leia seu depoimento:

”Quando o projeto veio para a comunidade, por volta de 2009, nosso deficit de leitura era grande. E a quantidade de livros na escola era pequena. O acervo que veio da Vaga Lume, na primeira vez, já chamava a atenção. As crianças gostaram demais e vieram para a biblioteca.

No começo, a biblioteca funcionava na escola. Depois, foi para a casa de uma moradora, da Jucirana, mas [o local] era aberto, não tinha telhado, e, na época da chuva, não dava para fazer as mediações de leitura. Fomos para a sede comunitária, que era usada para reuniões e não era adequada também.

Em 2011, conseguimos R$ 500 para fazer uma biblioteca na comunidade. Só que o dinheiro não era suficiente. Então, convidamos todo mundo para construir a biblioteca. Várias pessoas colaboraram: tinha gente que doava pedra para fazer a fundação; outros, areia e tinta. Teve até gente que doou duas telhas.

Quando a gente estava construindo, as pessoas passavam e perguntavam: 'O que é isso? Quem está pagando?'. Eu explicava que é a biblioteca da comunidade e que todo mundo estava contribuindo, podia ser até com uma pedrinha. Teve quem pregasse duas ou três tábuas.

No primeiro mês que abrimos, tivemos mil empréstimos de livros. À tarde, por volta das 16h, fica uma sombra imensa aqui na porta. A gente estica as esteiras, espalha os livros e as crianças vêm ler.

A gente também leva os livros para outras comunidades, faz mediações de leitura. A maior parte dos idosos é analfabeta, e as crianças leem para eles.

O mais bonito é ver as pessoas chorando. A gente chora junto. Eles mandam todo dia o filho para a escola. Mas, quando o filho chega em casa e está lendo um livro assim, é difícil segurar, é muito emocionante.


Os livros são uma janela para o mundo. Aqui eles enxergam o mundo."

Consultório de Biblioterapia Biblioteca ESPM SP

https://picasaweb.google.com/110935915722493096098/Biblioterapia?authuser=0&feat=directlink


Nos dias 6,7 e 8 de novembro de 2013, a Biblioteca ESPM SP teve sua primeira participação na SIPAT - Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho.
Com intuito de disseminar o acervo da biblioteca de uma forma terapêutica e divertida, os “Doutores da Leitura” atendiam seus pacientes perguntando, o que estavam sentindo e no que poderiam ajudar, oferecendo assim livros, filmes e jogos como forma de tratamento.

Com a leitura terapêutica o leitor é capaz de expressar seus sentimentos e ideias, possibilitando uma percepção mais aguçada de sua situação de vida. A partir daí desenvolve-se uma forma de pensar criativa e crítica. Ler também diminui o sentimento de solidão e estimula a empatia com outras pessoas. A Biblioteca ESPM SP trouxe a terapia do diálogo mediado pelo livro, ajudando os pacientes  a criarem novas formas de ver o seu mundo interno e perceber as diversas formas de se revolver determinados problemas. A leitura ajuda a desenvolver a capacidade de reflexão e imaginação.
 
No último dia de atendimento no consultório de biblioterapia, foram sorteados 26 livros para quem participou da terapia, como forma de incentivar uma boa leitura.
A Biblioteca agradece a oportunidade de participar desse evento tão importante para a escola, colaborando com o bem estar dos funcionários.

Para saber mais sobre biblioterapia confira o texto elaborado por Lucélia Elizabeth Paiva a partir de sua tese de Doutorado: A arte de falar da morte: a literatura infantil como recurso para ser abordado com crianças e educadores



Biblioteca online Nuvem de Livros conquista 1 milhão de usuários

A falta de espaço nas residências e em 65% das escolas públicas e privadas do Brasil dificulta a implementação de uma biblioteca física, mas isso não é uma barreira para a disseminação do conhecimento, segundo o empresário Jonas Suassuna, criador da biblioteca online Nuvem de Livros, que disponibiliza mais de 10 mil conteúdos para computadores, tablets e celulares dos cerca de 1 milhão de assinantes.

Jonas Suassuna, presidente do Grupo Gol, produtor e distribuidor de conteúdos multimídia de entretenimento e educação, sabe que sua paixão pela literatura está no sangue.

Ele é sobrinho do escritor paraibano Ariano Suassuna e foi o responsável pela criação da Nuvem de Livros (http://www.nuvemdelivros.com.br/), uma biblioteca online multiplataforma, feita em parceria com a companhia telefônica Vivo, que disponibiliza os arquivos educacionais sem a necessidade de download.

A ideia do projeto, que nasceu há sete anos e foi implantado há dois, veio do "inconformismo" do empresário com a falta de acesso aos livros em escolas públicas, principalmente de regiões remotas do Brasil.

"O governo brasileiro assinou uma lei que diz que, até 2020, todas as escolas brasileiras, públicas e privadas, devem ter uma biblioteca com pelo menos um livro por aluno (Lei da Biblioteca Escolar). Quem conhece a realidade da escola pública brasileira sabe que isso vai ser muito difícil", disse Jonas à Agência Efe. Segundo ele, há, hoje, no país um deficit que impacta cerca de 15 milhões de crianças e jovens.

Levando em conta a improbabilidade de que o país construa milhares de bibliotecas em menos de 10 anos, o empresário buscou, determinantemente, outra solução viável.

Segundo dados fornecidos pela empresa, "o Brasil é a quinta maior plataforma de telefonia celular do mundo. O 3º maior mercado mundial de desktops. Hoje, 60% dos acessos de internet na América Latina são feitos aqui. Se é difícil fazer bibliotecas físicas, existe a possibilidade real de fazer uma digital".

O acervo da Nuvem de Livros apresenta material didático, livros selecionados por uma curadoria sob o comando do respeitado autor Antônio Torres, audiolivros, vídeos e teleaulas (em parceria com a Fundação Roberto Marinho), notícias produzidas em vários países pela Agencia Efe que compõem os mais de 10 mil conteúdos que estão disponíveis na internet, em tablets e celulares, e disponibiliza conteúdos de ensino profissionalizante e games educacionais.

Os usuários da biblioteca online Nuvem de Livros podem fazer a busca nos livros por capítulo ou por termo, marcar as páginas e estudar mapas interativos, enquanto os professores podem propor conteúdos, selecionar suas leituras e controlar o que os alunos estão pesquisando em ambientes de convergência criados com esta finalidade.

Segundo a empresa, o plano era criar uma plataforma de conteúdos protegidos contra a pirataria que pudessem atender a demanda de cerca de 15 milhões de alunos de escolas que não possuem biblioteca e de 3 milhões de universitários de cursos à distância que também não tem onde fazer suas pesquisas, além de famílias que não contam com espaço para estantes de livros em casa e de indivíduos que queiram acessar conteúdos literários de qualidade produzidos pelas 150 mais importantes e respeitadas editoras do mercado brasileiro e mundial.

"Na biblioteca virtual, você pode conferir a qualidade da informação que seus filhos estão buscando. Hoje, em um site de busca, não há segurança alguma sobre a confiabilidade do conteúdo, pois você encontra de tudo ali. A Nuvem de Livros traz qualidade, pluralidade, segurança e bom preço", explicou Jonas.

A assinatura escolar custa cerca de R$ 2,00 mensais por aluno, e os clientes particulares pagam cerca de R$ 8 por mês para ter acesso ilimitado aos conteúdos, em quaisquer plataformas.
"Acho que o grande charme da Nuvem, além do acervo, é a portabilidade. Você poder ler um livro ou assistir a uma aula em qualquer lugar, é uma forma interessante de ter acesso a um conhecimento seguro", disse Jonas.

A Nuvem de Livros conta com mais de 150 profissionais espalhados pelo mundo, entre professores, pedagogos, bibliotecários e curadores de conteúdos. Em paralelo, mantém equipe de 80 professores que se responsabilizam, nos ambientes escolares, pela capacitação e motivação dos educadores, engajando-os no processo de modo a permitir que a Nuvem de Livros seja utilizada, eficientemente, como ferramenta pedagógica em salas de aula.

"Não dava para um profissional da área de tecnologia explicar o funcionamento da biblioteca para um professor. Os discursos são diferentes, distintos, a terminologia é outra", afirmou o empresário.

Para Jonas, um dos principais desafios da equipe foi convencer as editoras a embarcar no projeto. A preocupação era com a disponibilização de conteúdo e a garantia de que não há possibilidade de pirataria.

"Não é um tipo de gente retrógrada. Ao contrário, são indivíduos com visão contemporânea, atualizados e sensíveis. Mas é um mercado que está vendo o seu negócio mudar. Nenhum editor de livro é dono de fábrica de papel. Eles são experts em garimpar e produzir conteúdo de qualidade", afirmou.

"Nossa obrigação é organizar essa massa de conteúdo do ponto de vista literário e pedagógico de forma pertinente e, principalmente, disponibilizar uma ferramenta tecnológica que permita a interação com a biblioteca da forma mais simples possível, participativa, atrativa e por um preço convidativo", explicou o criador do projeto.

A Nuvem de Livros já está presente também na Argentina e deve começar a operar em outros países da América Latina e na Espanha a partir de setembro.





Fonte: Terra 

Maior biblioteca pública da Europa tem 10 andares, jardim suspenso e wi-fi

Melissa Becker
Do UOL, em Birmingham (Inglaterra)


Esqueça a imagem de livros de páginas amareladas, acumulados em prateleiras poeirentas. Combinando arquitetura, inovações e raridades shakespearianas, a maior biblioteca pública da Europa em número de visitantes redefine o conceito de local de conhecimento.

Localizada a cerca de 2 horas de Londres, a nova biblioteca de Birmingham deve atrair 3,5 milhões de frequentadores por ano, de acordo com as expectativas da organização. Com wi-fi gratuito em seus 10 andares e jardins suspensos, o prédio faz parte do plano de renovação da segunda maior cidade inglesa, mas já serve como referência a outras grandes bibliotecas no velho continente.

O UOL visitou o local, inaugurado no dia 3 de setembro pela jovem paquistanesa Malala Yousafzai. A ativista, que foi levada para Birmingham para receber tratamento após ser baleada pelo Talibã por defender a educação de meninas em seu país, mora atualmente na cidade. 

Em um momento em que o governo britânico tem fechado bibliotecas públicas pelo país, abatidas pela recessão, os números estimados para o espaço impressionam.

O prédio de 31 mil metros quadrados foi projeto por arquitetos holandeses para abrigar um milhão de volumes impressos – o maior acervo público no Reino Unido. Desses, 400 mil estão disponíveis para o público.

Conforme o diretor, Brian Gambles, o projeto totalizou £ 188,8 milhões (cerca de R$ 680,95 milhões) – £ 4,2 milhões (R$ 15,15 milhões) a menos do que o orçado.

"É sobretudo um local de transformação: sobre como temos transformado a vida das pessoas, com educação, e sobre como tornar uma biblioteca para a era digital", ressalta.

Após passar cinco anos trabalhando no projeto, a arquiteta Francine Houben, do escritório holandês Mecanoo, conta que tentou refletir no prédio uma cidade de população jovem e multicultural. Sua obra foi criada para desenvolver os sentidos.

"É uma ode ao círculo", explica Francine, em referência às formas circulares de diferentes elementos do edifício, como a rotunda de livros, que compreende três andares e conta com luz natural.

Não é apenas a leitura que deve atrair cerca de 10 mil visitantes por dia: o local inclui dois jardins suspensos, anfiteatro ao ar livre, área musical, biblioteca infantil e espaços para estudos com diferentes configurações, entre outros.

"Cada biblioteca é diferente. O que é único na de Birmingham é seu acervo e seu patrimônio", ressalta a arquiteta, que deve ir a São Paulo no final de outubro para uma palestra. 

Shakespeare no topo

A biblioteca de Birmingham conta com uma das maiores coleções de William Shakespeare no mundo. O dramaturgo inglês – nascido em Stratford-Upon-Avon, cidade na mesma região inglesa – é homenageado em um espaço histórico, remontado no topo do moderno edifício.

A sala fazia parte originalmente da segunda biblioteca da cidade, inaugurada em 1882 (após um incêndio ter destruído o primeiro prédio). Em estilo vitoriano, com painéis de madeira e gabinetes de vidro, ela foi removida inteiramente e restaurada.

Apesar de a coleção shakespeariana ter se tornado maior do que a capacidade da sala já no início do século 20, ela ainda está abrigada no prédio. São 43 mil livros, incluindo as quatro primeiras coleções publicadas das peças teatrais do autor (conhecidos como "Folios") e edições raras de obras individuais impressas antes de 1709.  

As prateleiras do espaço também dispõem de outros importantes acervos, que passam por digitalização para ser disponibilizado ao público. Alguns podem ser conferidos em mesas com touch screen, desenvolvidas especialmente para a biblioteca.

Uma das preciosidades é o arquivo da empresa Boulton & Watt, o mais importante da Revolução Industrial, com cerca de 29 mil desenhos industriais da época.  No catálogo online, há menção da venda de uma máquina a vapor para a cunhagem de moedas para o Brasil, em 1811.

Entre as mais de 8,2 mil publicações datadas antes de 1701, estão três livros impressos em 1479 pelo primeiro gráfico inglês, William Caxton, em perfeito estado. A edição do "Birds of America" ("Aves da América"), publicado pelo naturalista John James Audubon na primeira metade do século 19, figura entre os mais caros do mundo devido sua raridade e é um dos destaques.

Além disso, a biblioteca pública de Birmingham é a única no Reino Unido a ter uma das coleções nacionais de fotografias, com mais de 3,5 milhões de imagens.  

Em outubro, o espaço deverá receber escritores renomados como Lionel Shriver (autora de "Precisamos Falar sobre Kevin" e "O Mundo Pós-Aniversário") e Carol Ann Duffy (escritora e poetisa escocesa, primeira mulher a ser indicada como "Poeta Laureado" do Reino Unido) durante o festival de literatura de Birmingham. 

A expectativa é que a biblioteca se torne um novo destino turístico na região central da Inglaterra.  

Bibliotaxi

A Easy Taxi  lançou o projeto cultural: Bibliotaxi. A ideia, criada pelo Instituto Mobilidade Verde, comandada por Lincoln Paiva, nasceu na Vila Madalena visando transformar os táxis de SP em verdadeiras bibliotecas móveis.
 
Na prática, o passageiro pega um livro no táxi conveniado ao Easy Taxi e devolve (depois de lido) em outro veículo, quando usar o transporte.

 
 

Fontes: Catraca Livre e VilaMundo

Conheça a biblioteca móvel praiana na França

Por Daphene Ruivo

Imagine-se
numa praia francesa. Mar azul, areia fina e um sol delicioso. Esse pode ser o cenário dos sonhos de qualquer pessoa. Para muitos, ouvir uma música enquanto aproveita a praia está de bom tamanho. Para outros, um bom livro é indispensável. Mas e se você esquecer o seu livro? Não, uma revista não pode substituí-lo.

A designer industrial, Matali Crasset, pensou no sofrimento de falha de memória dos book addicts e criou a biblioteca móvel. Localizada na praia de Romaniquette, na França, a Bibliotheque de Plage contém mais de 300 livros para leitura gratuita.
Confira abaixo, algumas imagens da biblioteca


 




Fonte: Zupi

Herança de uma vida: a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin




A abertura da Biblioteca Mindlin ao público significa, entre outras coisas, a ampliação do acesso a um acervo único sobre a história e cultura brasileiras. Aliás, facilitar o acesso ao acervo e promover o incentivo aos estudos sobre temas vinculados ao Brasil estavam entre as preocupações que motivaram a decisão de José Mindlin, sua esposa Guita e seus filhos Betty, Diana, Sérgio e Sônia de doarem a coleção brasiliana da biblioteca, reunida ao longo de mais de 80 anos pelo casal, à Universidade de São Paulo.

A coleção brasiliana
Rubens Borba de Morais — a quem José Mindlin se referia como “uma espécie de irmão mais velho”, dono de “um amor aos livros e à leitura muito parecido com o meu” — dizia que a história das grandes bibliotecas do mundo ou, como pontuava, “das grandes bibliotecas nacionais que fazem o orgulho de muito povo”, mostra que elas se constituíram tendo como base uma coleção particular. As expectativas de José Mindlin em relação ao futuro do acervo doado à USP transpareciam intenções e sonhos muito próximos ao papel que seu amigo afirmava ter sido desempenhado por algumas bibliotecas particulares ao longo da história. Em janeiro de 2010, falando sobre sua biblioteca e sobre o novo edifício que estava sendo construído para guardá-la, o bibliófilo afirmou de forma entusiasmada: “Ela tem de ser viva! [...]. Afinal, a gente passa, mas os livros ficam [...]; a ideia é que seja uma biblioteca viva, que cresça, que promova seminários, edições, debates.”

O acervo doado em 2006 à USP se refere à coleção brasiliana de sua biblioteca, formada por obras de literatura, de história, relatos de viajantes, manuscritos históricos e literários, documentos, periódicos, mapas, livros científicos e didáticos, iconografia e livros de artistas sendo que parte deste acervo pertencia ao amigo Rubens Borba de Morais que deixou sua biblioteca ao casal Mindlin em testamento. O conjunto reúne material sobre o Brasil — ou que tenha sido escrito e/ou publicado por brasileiros e estrangeiros — e totaliza mais de 32 mil títulos que correspondem à 60 mil volumes, aproximadamente.

A doação desta coleção veio acompanhada do projeto de digitalização e disponibilização online de seu conteúdo como forma de ampliar a possibilidade de pesquisa no acervo, medida que reforça a destinação pública que José Mindlin buscou conferir à biblioteca que gostava de caracterizar, por vezes, como uma biblioteca ‘indisciplinada’. Uma indisciplina denunciada pela inevitável aquisição de livros — raridades e belezas às quais não era possível dar as costas — que às vezes não se encaixavam nas principais vertentes temáticas que foram se definindo no curso da formação da biblioteca: ‘assuntos brasileiros’, ‘literatura em geral’, ‘livros de arte’, e ‘livros como objeto de arte’ em virtude de seus traços tipográficos, de sua diagramação, ilustração, encadernação, entre outros aspectos. Mas, igualmente, uma indisciplina que, de certa forma, era herdada de seu dono, um “leitor indisciplinado”, como se reconhecia, de “livros sobre os mais variados assuntos”, desde que atraíssem seu interesse: “[...] leio meio desordenadamente, passando de um assunto a outro muito diverso, ou mesmo lendo mais de um livro ao mesmo tempo”.


Livros raros, livros especiais
A biblioteca que Guita e José Mindlin formaram ao longo de sua vida não foi composta apenas de livros raros, uma vez que a aquisição de novas publicações era constante. No entanto, a paixão por eles surgiu bem cedo. José Mindlin tinha apenas 13 anos quando comprou de um livreiro uma edição de 1740 do livro Discurso sobre a História Universal, de Bossuet. Este seu primeiro livro raro, já no ano seguinte, ganhou a companhia da História do Brasil, de Frei Vicente do Salvador; um presente de aniversário de uma tia. A busca pelos livros indicados na bibliografia deste último lhe rendeu o encontro com os 6 volumes da História do Brasil, de Robert Southey, publicados em 1862 e que não tardaram a se unir aos dois primeiros títulos como presente de seu pai. Foi a partir daí que José Mindlin resolveu começar a formar uma brasiliana: “não era propriamente um projeto de biblioteca, mas uma tentativa de reunir livros sobre o Brasil”. A biblioteca não mais parou de crescer. Guita especializou-se em restauro e em encadernação de livros. A certa altura, passou a dizer que não eram eles que possuíam a biblioteca: “ela é que nos tem”. O motor de seu crescimento, reforçava o casal, nunca foi a ânsia típica de um colecionador, mas sim a paixão característica de leitores incansáveis. “O interesse básico é o da leitura”. Era o encantamento a partir da experiência da leitura que os impulsionava a buscar novos títulos de um mesmo autor, as primeiras edições de cada título, etc. Nascia, então, o que ele chamava de “aventuras de garimpagem”: a busca persistente — que por vezes se estendia por mais de uma década — de determinados exemplares.

As preciosidades da coleção brasiliana que hoje constitui a Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin — considerada a mais importante coleção do gênero formada por um particular – são muitas. Dentre elas, figuram as primeiras edições de alguns viajantes que estiveram no Brasil entre os séculos XVI e XIX (incluindo as viagens de Hans Staden, Jean de Léry e André Thevet); livros que se tornaram raros por se tratarem de primeiras edições, como a primeira edição de A moreninha (1844), de Joaquim Manoel de Macedo, da qual se conhecem apenas dois exemplares; a primeira edição de O Guarany (1857), de José de Alencar, marcada por uma busca — ou uma “aventura de garimpagem” — que demorou longos 17 anos para ser concluída. Traduções feitas por grandes escritores brasileiros, como a tradução que Machado de Assis fez de Os trabalhadores do mar, de Victor Hugo, em 1866. Alguns livros raros, especialmente, por suas dedicatórias, como um dos exemplares de Tu, Só Tu, Puro Amor, também de Machado, dedicado à Joaquim Nabuco. Alguns manuscritos, como o original de Banguê, de José Lins do Rego e 29 cadernos-diários da Condessa do Barral, e uma série de originais de Graciliano Ramos e de Guimarães Rosa, com anotações manuscritas, que serviram de base para a impressão das primeiras edições, dentre outros títulos e edições que poderiam ser aqui mencionados.


Acesso amplo
Uma parte deste acervo, incluindo algumas das obras acima destacadas, está disponível para consulta e pesquisa no site da Brasiliana USP, projeto que foi concebido pelo Prof. István Jancsó que previa a formação de uma biblioteca digital que fosse continuamente alimentada e que funcionasse, ao mesmo tempo, como suporte para o desenvolvimento de novas tecnologias e soluções que pudessem ser compartilhadas por outras instituições culturais no Brasil. Como se vê, o desejo de inocular o vírus do amor à leitura ao maior número de pessoas possível, como propagava José Mindlin, ganhou importantes adeptos nos últimos anos.

A Biblioteca Mindlin na USP: um centro de pesquisa
A Biblioteca Mindlin é um órgão da Pró-reitoria de Cultura e Extensão, criado em dezembro de 2005 para justamente receber esta coleção. Ela é responsável por este importante acervo, mas é também um centro de pesquisa, de formação e de extensão. Como órgão acadêmico, a Biblioteca Mindlin tem o compromisso de conservar, divulgar e facilitar o acesso de estudantes, pesquisadores e do público em geral ao seu acervo, e promover a disseminação de estudos de assuntos brasileiros por meio de programas e projetos específicos. Neste sentido, ela tem atuado como um centro interdisciplinar de documentação, pesquisa e difusão científica de estudos brasileiros, da cultura do livro, da tecnologia da informação e das humanidades digitais, tornando um órgão de integração de diversas iniciativas acadêmicas, de interesse intersetorial e transdisciplinar.

Para pesquisador de Harvard, 'digital não ameaça bibliotecas'

                                                                     Fonte: gallery.calit2.net

Cassiano Elek Machado | Folha de S. Paulo

Ainda moleque, o americano Matthew Battles estava jogando beisebol quando acertou a vidraça da biblioteca da cidadezinha onde vivia. Ao buscar a bola, o garoto de 12 anos encontrou filas e filas de prateleiras cheias de livros.

Seria possível dizer que Battles e as bibliotecas "viveram felizes para sempre", caso soubéssemos se bibliotecas como a de Petersburg viverão felizes para sempre. 

Diretor do laboratório de cultura digital da Universidade Harvard (EUA), o metaLAB, Battles fez a palestra de abertura do seminário "Múltiplos e Contemporâneos: A Literatura.com", do Centro Cultural Banco do Brasil.

A ideia foi debater os desafios da literatura contemporânea diante das novas tecnologias.

Battles diz que não são poucos. "As novas mídias estão alterando completamente a maneira como escrevemos e experimentamos a leitura", diz ele à Folha.

"Um dos maiores efeitos disso é o caráter imediato que a escrita passou a ter. Pode vir a público, a um grande público, logo após ser concluída, sem passar por longos processos de edição."

Battles diz não ter dúvida nenhuma de que nunca se escreveu e leu tanto quanto nos tempos atuais. E o que será feito de tanta escrita?

"A efemeridade e o dinamismo da internet são enormes desafios para a preservação. Como preservaremos fenômenos que aparecem subitamente, florescem e morrem logo depois?", pergunta.

Autor de um livro chamado "A Conturbada História das Bibliotecas" (ed. Planeta, 2004), ele começou sua carreira trabalhando numa das bibliotecas de mais prestígio do mundo, a Widener, de Harvard, onde guardam as obras raras da instituição.

"Lá aprendi que os meios de escrever e publicar mudaram de forma radical na história, mas as bibliotecas continuam. O digital não será uma ameaça", diz Battles, que é consultor da Digital Public Library of America (www.dp.la), a maior biblioteca digital do mundo (onde bolas de beisebol não entram).



Parada do Livro na cidade de São Paulo



Que tal pegar um livro emprestado nos pontos de ônibus para ocupar seu tempo de viagem com uma boa leitura? Essa é a proposta do Parada do Livro, projeto das alunas de design da ESPM-SP, Helena Aranha e Helena Nabuco, que pretende espalhar 10 estantes, recheadas de obras literárias, pelos pontos de ônibus da capital paulista.

E, para concretizar a ideia, as jovens receberam uma doação de 300 exemplares da Biblioteca ESPM-SP, que a partir de ações como essa dá prosseguimento às suas ações de viés social, como já ocorria com Feira de Troca de Livros



O projeto recebeu ainda outro apoio. Além dos exemplares doados pela biblioteca, o Parada do Livro foi inscrito no concurso Catarse na ESPM, e, como vencedor, ganhou uma assessoria completa para uma ação Crowdfunding. As garotas conseguiram mais de R$ 5.700 para colocar o projeto em prática.

O projeto quer incentivar a leitura no Brasil. 75% da população nunca entrou em uma biblioteca e aqueles que já foram apresentados à leitura consomem, apenas, cerca de quatro livros por ano – só dois deles até o fim -, segundo pesquisa encomendada pelo Instituto Pró-Livro. Paralelo a isso, o paulistano gasta cerca de 2h30 por dia no trânsito da capital. Então, por que não unir o útil ao agradável?

A primeira estrutura do projeto foi instalada no ponto de ônibus da Rua Rio Grande, nº  631, na Vila Mariana. E está dando certo, as pessoas estão compreendendo e aderindo ao projeto.

Assista, abaixo, ao teaser do Parada do Livro, postado no site de financiamento coletivo Catarse.
 



A Reinvenção da profissão de bibliotecário no mundo

O Vagner compartilhou conosco, o artigo “How to reinvent librarians: five top tips from around the world”, do jornal britânico The Guardian, sobre a necessidade de uma reinvenção da profissão de bibliotecário no mundo e convida à reflexão apresentando cinco dicas propostas por bibliotecários de todo o mundo:

1 - Unir forças

2 - Ser honesto com você e os usuários

3 - Abraçar a criatividade

4 - Sair de trás da mesa (figurativa e literalmente)

5 - Compartilhar ideias


O Global Librarian é uma publicação conjunta de duas organizações bibliotecárias de Nova York, a Association of College and Research Libraries (Greater New York Metropolitan Area Chapter) e a Metropolitan New York Library Council. Ele tem como objetivo destacar bibliotecários ao redor do mundo que tomaram medidas ativas para se reinventar enquanto estão revigorando sua profissão.


Para ver o artigo na integra clique no link: The Guardian.

Biblioteca na praia


 
 
Trata-se da primeira biblioteca montada em uma praia na União Européia. Ela conta com mais de 2.500 livros escritos em 10 línguas! Nenhuma taxa é cobrada ao leitor. Essa é a ideia do resort Albena, na Bulgária, para seus convidados curtirem o verão.

Fonte: O Globo

Sete atitudes que formam leitores

Danilo Venticinque



Incentivar a leitura é um dever do governo e das escolas. Mas nós, leitores, podemos ajudar

A leitura é, por natureza, um ato solitário. Podemos estar no meio de uma multidão: basta abrir um livro e, no meio do primeiro parágrafo, a realidade à nossa volta dá lugar ao universo do autor. É um grande prazer, mas também um pequeno risco. Como contagiar outras pessoas com o hábito da leitura, num país em que atividades coletivas são uma tradição, se o próprio ato de ler nos impulsiona para o isolamento?
 
Mesmo na solidão da leitura, cada leitor é parte de um só grupo. Seus interesses são tão múltiplos quanto a variedade de livros a seu dispor, mas todos têm em comum o prazer da leitura. Nessa multidão desunida e heterogênea, há pouca ação e muito pessimismo. Muitos dos que espalham a frase feita que diz que "o brasileiro não lê" são leitores. Em seu isolamento, não percebem que isso começou a mudar – e que eles estão deixando de cumprir um papel importante. Popularizar a leitura é uma obrigação do governo e das escolas, mas também deveria ser um esforço pessoal de cada leitor.

 Um país com mais leitores é um país mais educado, com livros mais acessíveis e uma produção literária mais rica. Entre um livro e outro, com atitudes simples, qualquer leitor pode dar sua pequena contribuição para que isso se torne realidade.

 
1) Seja um (bom) leitor
 
Num mundo repleto de distrações, não faltam incentivos e desculpas para fazer qualquer outra coisa em vez de ler um livro. Sucumbir a algumas delas é inevitável. Podemos perder algumas batalhas, mas não a guerra. De distração em distração, já vi aficionados pela leitura entrarem, sem aviso, no grupo dos 50% de brasileiros que não leram um livro nos últimos três meses. Algumas pessoas estão nesse grupo porque não sabem ler, ou porque não têm acesso a livros. Porém, há os que engrossam as estatísticas por pura preguiça. Não basta ir à livraria, sucumbir às tentações do consumo e deixar os livros acumulando poeira na estante. É preciso dar um bom exemplo. O primeiro passo para formar mais leitores é formar-se leitor.
 
2) Converse sobre livros
 
Por que assistimos a tantos filmes, novelas e séries de televisão? Se dependêssemos apenas de nossa vontade e interesse, seriam poucos os espectadores fiéis. Mas recebemos recomendações de amigos, ouvimos comentários de desconhecidos, lemos sobre o assunto nas redes sociais e isso nos anima a voltar ao cinema, a sentar diante da televisão e a assistir a mais um episódio. Os fãs de filmes, novelas e séries não economizam oportunidades para demonstrar sua paixão. Dezenas de amigos me recomendaram Breaking bad antes que eu me tornasse viciado na série (que, aliás, é ótima). Sei que muitos dos meus amigos são leitores, mas poucos me recomendam os livros que acabaram de ler. Por ver a leitura como um hábito solitário, sentem-se mais à vontade para falar sobre outros assuntos – e deixam de compartilhar suas descobertas. Conversar sobre livros não é algo só para intelectuais. Não há nada de errado em ser fã de um autor e se comportar como tal. Se você acha que todos seus amigos deveriam ler o livro que você acabou de ler, diga isso. Talvez todos leiam.
 
3) Busque aliados

 A internet é um inferno de distrações quando queremos nos concentrar e ler um livro, mas um paraíso para encontrar outros leitores. Há redes sociais dedicadas exclusivamente a isso, como a brasileira Skoob e a americana Goodreads. Também não faltam blogs e sites dedicados ao tema. No Facebook, há dezenas de grupos dedicados a amantes dos livros. Entrar num deles é uma forma de reforçar o hábito de ler, trocar recomendações e manter-se atualizado. Quanto maiores os grupos, maior a chance de atrair e manter novos leitores. Longe de ser uma inimiga da leitura, a internet pode ser uma importante aliada.

4) Presenteie

 Lembro-me muito pouco das roupas, brinquedos e outras bobagens que eu ganhava de presente na minha infância. Mas não me esqueço do dia em que meu padrinho me levou a uma livraria e me presenteou com um exemplar de 20 mil léguas submarinas – o primeiro livro que eu li por vontade própria, e o primeiro a me tirar da frente da televisão e dos games. Dar livros de presente é uma bela maneira de espalhar e reforçar o hábito da leitura, não importa a idade de quem é presenteado. Preste atenção nos desejos e curiosidades das pessoas ao seu redor, e pense em livros que podem agradá-las. Quem conhece bem seus amigos e parentes saberá escolher um título adequado para animar mesmo quem não está acostumado a ler. O livro certo, na hora certa, pode ser um presente inesquecível.

 5) Tenha calma

 Antes de recomendar um livro, emprestá-lo ou dá-lo de presente, pense se ele é a escolha mais adequada. Para um leitor em formação, poucas coisas são mais frustrantes do que ler o livro certo na hora errada. Isso vale principalmente para crianças e adolescentes. Quantos estudantes não abandonaram o hábito da leitura após serem golpeados na cabeça, prematuramente, com livros difíceis demais? Alguns clássicos da literatura são acessíveis a qualquer um; outros, mais complexos exigem reflexão e paciência do leitor. Comece pelos mais fáceis. Há tempo suficiente para galgar, degrau a degrau, o caminho que leva a obras literárias complexas. Antes de se tornar um hábito, a leitura precisa ser um prazer.

 6) Leia antes de votar

 Num país em que 20% dos habitantes entre 15 e 49 anos são analfabetos funcionais, e 75% jamais pisou numa biblioteca, o esforço para popularizar a leitura passa, necessariamente, por políticas públicas. Há quanto tempo o incentivo à leitura não é abordado num debate entre candidatos a um cargo executivo? No Legislativo, há frentes parlamentares dedicadas ao tema, mas sua atuação é discreta. Entre os municípios, a maioria ainda trata a política cultural como uma política de espetáculos. Gastar milhões para reunir multidões em shows financiados pela prefeitura pode render manchetes de jornais, mas tem pouco impacto na formação cultural de cada cidadão. Organizar eventos literários para incentivar a leitura não é uma solução definitiva, mas já é um passo na direção certa. Investir na criação e manutenção de bibliotecas com uma programação cultural constante é ainda menos espetacular, mas pode ser transformador. Antes de escolher um candidato, descubra o que ele pensa a respeito disso.

 7) Espalhe boas ideias

 Transformar bicicletas em bibliotecas itinerantes. Arrecadar doações de livros no Natal. Distribuir livros gratuitamente em estações do metrô, ou colocá-los à venda e deixar que o comprador escolha o quanto quer pagar. Todas essas propostas são criações recentes de leitores apaixonados. Elas têm potencial para transformar a maneira como os brasileiros se relacionam com os livros, mas precisam se tornar mais conhecidas. Cabe a cada leitor a tarefa de ajudar a divulgar essas iniciativas, contribuir para seu sucesso e, quem sabe, pensar em outras boas ideias para incentivar a leitura. Abrir um livro no meio de uma multidão e se perder em suas páginas é um exercício solitário e prazeroso. Mas seria ainda melhor se fizéssemos isso no meio de uma multidão de leitores.
 
 

Bibliotecas criativas e inovadoras


Espaços incorporam arte, inovação e criatividade com acervos alternativos e regras mais flexíveis
 
 

Na era digital, há quem diga que os livros e os jornais têm os dias contados. E, com grandes acervos sendo digitalizados, as bibliotecas também estão fadadas ao fim? É difícil ter uma resposta concreta para essas mudanças na sociedade, mas, algumas cidades têm inovado na disponibilização de livros para seus usuários, as bibliotecas vivem uma espécie de renascimento criativo. Em Nova York algumas delas abrigam sedes de zines, salas de leitura, oficinas literárias e festas - voltando a pulsar arte e criatividade.





Outra iniciativa criativa acontece na cidade gaúcha de Campo Bom onde as paradas de ônibus viraram centros de leitura de qualidade. Ao lado do ponto, uma estante abastecida com diversos títulos que foram descartados da biblioteca municipal fazem os passageiros do município de 60 mil habitantes esquecerem, por instantes, as preocupações de mais um dia de trabalho ou aula. Por enquanto, são duas estantes com 200 obras cada, nos dois pontos de maior circulação da cidade. Uma ideia simples que pode mudar a vida de muitas pessoas sem acesso à cultura.