"Bicicloteca" empresta livros para moradores de rua em SP

Alessandro Shinoda/Folhapress


A Revolução dos Bichos, de George Orwell (1903-1950), é o livro que mais impressionou o ex-morador de rua Robson Mendonça, 60, gaúcho de Alegrete. Por gostar de ler, e não poder pegar nada emprestado de bibliotecas públicas por não ter comprovante de endereço, ele tinha um sonho. Quando melhorasse de vida, criaria uma biblioteca só para pessoas da rua. Ontem, em pleno Marco Zero da capital paulista, na praça da Sé, lá estava ela.

A bicicloteca -uma bicicleta equipada com um baú atrás com centenas de livro dentro- fez a sua estreia. "Até agora [por volta das 15h] 80 livros foram retirados", diz Mendonça, exibindo a lista de nomes escritos à mão em um caderno. Quem pega um livro tem duas opções: ou passa adiante para quem quiser ler, ou devolve para a bicicleta. Todo acervo do projeto, bancado exclusivamente por parceiros privados, é fruto de doações. No baú, títulos de Truman Capote, Lima Barreto e Graciliano Ramos.

Mendonça conta que perdeu a mulher e dois filhos em um acidente. Essa foi uma das causas que o levou para a rua, onde permaneceu por seis anos, até 2003. "Perdi tudo após um golpe. Com documentos falsos, levaram o que tinha na conta do PIS/PASESP", diz.

Hoje, ele dirige uma ONG para pessoas das ruas. "Atendemos 380 desde janeiro".

(EDUARDO GERAQUE)

Promotoria troca processo por doação de livros no interior de SP

Por Elida Oliveira

Suspeitos de cometerem crimes federais leves em São Carlos (232 km de São Paulo) estão se deparando com uma proposta "inusitada" do Ministério Público Federal: doar livros em vez de responder ao processo.

O acordo começou a ser proposto há sete meses para casos em que a punição seria inferior a dois anos e para suspeitos sem antecedentes criminais. Se enquadram nessa situação crimes como falso testemunho, contrabando, descaminho e desacato, por exemplo.

Até agora, três processos já terminaram em acordo, e 80 novos livros chegaram às prateleiras de bibliotecas do município. Um quarto acordo foi fechado na última semana e renderá mais R$ 1.650 em livros, valor que será dividido em dez vezes.

Segundo o procurador Ronaldo Ruffo Bartolomazi, 34, que desenvolve a parceria com a Secretaria da Educação de São Carlos, o acordo é facultativo e pode ser feito antes do início do processo ou durante o andamento.

De acordo com a secretária da Educação de São Carlos, Lourdes Moraes, os supostos infratores escolhem os títulos em uma lista elaborada pela pasta.

O futuro doador vai à livraria, compra os livros conforme o valor da multa, os leva à secretaria e, se quiser, entrega na biblioteca.

O projeto de São Carlos foi inspirado em um que existe em Presidente Venceslau desde 2010. O juiz Silas Silva Santos, 34, decidiu aplicar a doação de livros no lugar das cestas básicas em casos de crimes leves --como porte de droga e lesões corporais. De acordo com ele, em um ano, foram doados mil livros a 16 escolas.

Fonte: Folha.Com

Mário Chamie

Nosso poeta, professor e diretor do Instituto Cultural ESPM morreu ontem, 3 de julho, aos 78 anos.

Mário Chamie, nasceu em 1º de abril de 1933, em Cajobi, no interior de São Paulo. Foi secretário municipal de Cultura entre 1973 e 1983, em sua gestão criou o Centro Cultural São Paulo, a Pinacoteca Municipal de São Paulo e o Museu da Cidade de São Paulo.

Escritor, ensaísta, poeta e criador do movimento Poesia-Práxis. Era membro da Academia Paulista de Letras, desde 1992, vencedor do Prêmio Jabuti, por sua obra Lavra Lavra. Desde de 2007 era locutor do programa 50 por 1 da Rede Record e era também colaborador do Estado de S. Paulo.