Aos 95 anos, morador de Sorocaba, SP, 'coleciona bibliotecas' pelo país

Luana  Eid

Aposentado Cid Odin Arruda lê três livros por semana. Ele éo sócio mais antigo do Gabinete de Leitura de Sorocaba, SP.


Cid exibe, orgulhoso, a medalha que ganhou do Gabinete de Leitura (Foto: Geraldo Jr. / G1)

Todos os dias o aposentado Cid Odin Arruda cumpre a mesma rotina. Acorda às 5h, faz café, cuida do jardim e pega um ônibus. O destino varia entre o Gabinete de Leitura e a Biblioteca Municipal de Sorocaba (SP), lugares onde ele pode embarcar em sua viagem preferida: as páginas de um livro. Aos 95 anos, Cid é um aficcionado por livros. Já leu tantos que perdeu a conta. "Só Jesus para saber falar quantos eu já li", brinca. O que ele sabe é que, por semana, lê três títulos, religiosamente. Nesta terça-feira (23), quando é comemorado o Dia Internacional do Livro, funcionários do Gabinete de Leitura contam que ele é o sócio mais antigo da unidade.
O gosto pela leitura veio de família. O comerciante aposentado é neto e filho de bibliotecários. Por isso, nas lembranças de infância a imagem que prevalece é a dos corredores da Biblioteca Municipal de Sorocaba. "Eu lia livros que meu pai recomendava. Depois, mandava eu contar a história inteira, para ter certeza que eu li mesmo", lembra. De tanto ler, ele recebeu uma incumbêrncia especial: indicar obras para as frequentadoras da biblioteca. "Os pais mandavam sua filhas na biblioteca pegar um livro e elas me perguntavam qual podiam ler. Os pais sabiam que eu não indicaria nenhum livro com safadeza", relembra Cid, aos risos.
Além de ser figura carimbada na biblioteca sorocabana, Cid é um velho conhecido nas unidades de Mongaguá (SP), Caldas Novas (GO), Guarapari (ES), e em várias outras do nordeste. "O que eu gosto mesmo é de viajar. Quando não posso fisicamente, viajo pelas páginas dos livros", conta Cid, que recebeu a reportagem do G1 enquanto fazia as malas para sua próxima viagem, para uma colônia de férias em Ibirá (SP).
Nilcéia Alves dos Santos, funcionária do Gabinete de Leitura, é uma das admiradoras do aposentado. Ela conhece Cid há 26 anos. "Eu tenho um carinho muito grande por ele. É um verdadeiro exemplo para vários jovens que se interessam pela história dele", conta Nilcéia. Ela diz que a visita de Cid é a mais frequente no gabinete que, inclusive, já conferiu uma medalha cultural a ele em 2008, pelo "compromisso com a cultura e tradições da cidade".
Romance além dos livros
Para agradar a esposa, professora aposentada e apaixonada por livros, o idoso teve que adaptar sua maneira de ler. Elza Bertazini Bracher, de 86 anos, conta que depois de um glaucoma sua visão ficou prejudicada, o que impossibilitou a leitura. "Eu só enxergo metade do mundo, o resto ele me conta", diz, demonstando amor pelo companheiro, que lê trechos de livros para ela como forma de amenizar o sofrimento por não poder mais ler. Os dois se conheceram quando eram viúvos e já comemoraram Bodas de Prata juntos.  "Eu fico triste por saber que tantos jovens com a visão perfeita não gostam de ler, e eu que gostaria tanto já não posso mais", lamenta Elza.

Na casa do casal, tipicamente de aposentados, com direito a horta nos fundos, máquina de costura e casaquinhos de tricô pelo sofá, uma estante guarda algumas relíquias, como o livro "O Romance de Jeanne Bertier" - primeiro livro de Elza, comprado em 1940 - , "E o Vento Levou" e "A Vingança do Judeu", todos já com as páginas amareladas. Todos são de Elza, porque, para Cid, o prazer está em caçar livros nas bibliotecas. Em todas as cidades pelas quais passa o aposentado faz questão de conhecer as bibliotecas, e só parte de Sorocaba quando tem certeza de que no destino vai ter onde encontrar os livros. "Eu acho burrice carregar livros. Prefiro sair em busca deles nas estantes públicas", conta.
Os benefícios que a leitura trouxe para o aposentado são nítidos. Prova disso é que, mesmo com a idade avançada, em plena lucidez, ele arrisca uma crítica sobre o cenário da literatura atual. "Hoje a literatura é mais aberta, e a facilidade de acesso aos livros é maior. Mesmo assim, as pessoas não leem. Falta incentivo dos pais, o que é uma pena", diz Cid, que diz procurar saber sobre a história que vai ler para "não ser surpreendido". "Sempre gostei de histórias de reis, príncipes... mas hoje em dia muitas histórias descambam para a pornografia, então tenho que tomar cuidado", brinca.

Biblioteca Britânica começa a arquivar páginas da internet


A Biblioteca Britânica começa um ambicioso projeto para criar um arquivo no qual será guardada uma cópia de todas as páginas on-line publicadas no Reino Unido, para que possam ser consultadas pelas gerações futuras.
Desde o último domingo (7/4/13) --e durante o prazo de um ano-- começarão a ser armazenadas cópias de 4,8 milhões de páginas, segundo o centro público, entre páginas institucionais, blogs, domínios locais e inclusive fóruns, para mostrar uma visão da sociedade atual a futuros pesquisadores.
 "Admito que é um projeto realmente ambicioso. Não vamos discriminar entre as páginas, incluiremos todas as que atualmente estiverem no Reino Unido", explicou à Agência Efe Richard Gibby, porta-voz da instituição.
Com o prestigiado centro londrino colaborarão as bibliotecas nacionais da Escócia e País de Gales, as das universidades de Cambridge e de Oxford e o Trinity Collegue de Dublin.
Para antecipar esta ideia, seis equipes --uma de cada centro-- que desenvolverão o programa iniciarão um complexo sistema de informática desde o último fim de semana, quando entrou em vigor um novo marco legal que lhes permite obter uma cópia das páginas sem precisar do consentimento dos proprietários.
 "Até agora era necessário pedir permissão ao proprietário e, no caso de conteúdo de terceiros, precisava contar ainda com a autorização deste, tudo era muito complicado e demorava muito", comentou Gibby.
 O tempo é algo que obceca a Biblioteca Britânica, que procura incorporar toda a informação possível de cada site a seu catálogo antes que expire o tempo médio de vida de uma página --75 dias--, uma contagem regressiva contra a qual um amplo elenco lutará.
"Pode se dizer que toda a instituição está envolvida no projeto, já que, além de uma equipe específica, contamos com o apoio do serviço de operações técnicas e de manutenção", afirmou Gibby.

Agora não será pedida permissão, mas os donos serão informados; apesar de a Biblioteca Britânica pretender se dirigir a eles por escrito de forma individual, o volume de domínios faz com que provavelmente recebam simplesmente a mensagem automática do programa que obterá as cópias.
O porta-voz do centro reconhece que esse sistema pode gerar controvérsia, por isso que esclareceu que só serão registrados conteúdos que tenham sido expostos em páginas públicas e com o consentimento expresso de seu autor.

"Não tem nada a ver com a informação que podemos compartilhar em redes sociais, onde publicamos dados pessoais dentro de um grupo muito concreto de privacidade", disse.
 Com agências de notícias

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/
 

Projeto Tuboteca


 
Uma das características mais conhecidas da cidade de Curitiba são seus pontos de ônibus cilíndricos. Conhecidos como tubos, algumas dessas paradas receberam o projeto Tuboteca
A iniciativa, liderada pela Fundação Cultural de Curitiba (FCC), Urbanização Curitiba S/A (Urbs) e o Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba (Ippuc), montou minibibliotecas em sete tubos espalhados pela cidade. Os livros, doados pela FCC, podem ser retirados gratuitamente sem cadastro prévio ou prazo para devolver. A intenção, com o tempo, é que novas Tubotecas sejam instaladas em mais pontos e que o projeto também estimule a doação de livros.
 O acervo conta com obras de poesia, ficção, contos e livros infantis.
Fonte: http://bibliotecadesaopaulo.org.br

Livros digitais ajudam a revigorar bibliotecas públicas

Amanda Polato



 
Iniciativas são fortes em países como Estados Unidos e Reino Unido. Por aqui, ainda estamos longe da digitalização

Logo ao entrar na Biblioteca Pública de Nova York, em Nova York, os leitores encontram a frase: “A biblioteca é esperança, é conhecimento, e é poder”. Depois da recepção, podem andar pelos corredores ou ir logo ao catálogo procurar o que lhes interessa. Com o número da carteirinha de sócio, podem retirar até 12 títulos de uma vez, a qualquer hora dia, sete dias por semana.

E, então, decidir se vão ler a obra no smartphone, e-reader, tablet ou no computador, além de escolher o tamanho da letra e fazer grifos usando apenas o dedo. É assim o caminho feito pelos usuários do acervo digital da instituição, acessado de qualquer dispositivo digital, pela internet. Os leitores não precisam mais ir fisicamente à entidade para pegar livros emprestados. Mas a biblioteca centenária vê sua força revigorada com a popularização dos e-books. Aumentou o número de visitantes físicos aos seus prédios depois que foram abertas as portas às estantes virtuais da instituição.

>> O livro digital chega à escola. Quais são as vantagens para professor e aluno?
Com seus 34 mil títulos (quase 95 mil exemplares), o acervo digital ainda é muito pequeno comparado com a coleção em papel da Biblioteca Pública de Nova York, que tem quase 6 milhões de exemplares para empréstimo. Mas a demanda pelos livros digitais cresce rapidamente. “Nos últimos cinco anos, a oferta cresceu oito vezes. Todos os dias, há mais pessoas adotando a leitura eletrônica como um estilo de vida e indo à biblioteca em busca desse novo formato. São os leitores que pedem a ampliação do acervo digital”, diz Christopher Platt, diretor de coleções e operações de circulação da instituição.
Usuários de todas as idades têm interesse por esses livros, e eles são especialmente atraentes para os idosos, por permitirem ajustes no tamanho do texto. A equipe da biblioteca oferece até cursos presenciais para ensinar a usar o e-reader e instalar o software de empréstimos.

Assim como mais de 22 mil bibliotecas em diversas partes do mundo, tanto públicas quanto de escolas e universidades, a de Nova York usa um sistema chamado OverDrive, que armazena e-books em uma nuvem e oferece empréstimos por tempo limitado, variável conforme o título. Muitos deles têm filas de espera. Por isso, nenhum pode ser renovado, mas pode ser “retirado” novamente se não houver reserva.
O modelo atrai o interesse até de quem vive longe dos Estados Unidos ou do Reino Unido, dois países com grande quantidade de acervos digitais, e surge a pergunta: por que liberar o acesso apenas aos moradores de uma determinada cidade ou bairro? Por que não permitir, por exemplo, que um brasileiro possa emprestar um e-book no Texas? As instituições dizem que o impedimento é econômico, já que são os impostos locais que ajudam a sustentar as iniciativas.
>> O livro digital chega à escola. Quais são as vantagens para professor e aluno?
Com seus 34 mil títulos (quase 95 mil exemplares), o acervo digital ainda é muito pequeno comparado com a coleção em papel da Biblioteca Pública de Nova York, que tem quase 6 milhões de exemplares para empréstimo. Mas a demanda pelos livros digitais cresce rapidamente. “Nos últimos cinco anos, a oferta cresceu oito vezes. Todos os dias, há mais pessoas adotando a leitura eletrônica como um estilo de vida e indo à biblioteca em busca desse novo formato. São os leitores que pedem a ampliação do acervo digital”, diz Christopher Platt, diretor de coleções e operações de circulação da instituição.
Usuários de todas as idades têm interesse por esses livros, e eles são especialmente atraentes para os idosos, por permitirem ajustes no tamanho do texto. A equipe da biblioteca oferece até cursos presenciais para ensinar a usar o e-reader e instalar o software de empréstimos.
 Assim como mais de 22 mil bibliotecas em diversas partes do mundo, tanto públicas quanto de escolas e universidades, a de Nova York usa um sistema chamado OverDrive, que armazena e-books em uma nuvem e oferece empréstimos por tempo limitado, variável conforme o título. Muitos deles têm filas de espera. Por isso, nenhum pode ser renovado, mas pode ser “retirado” novamente se não houver reserva.
O modelo atrai o interesse até de quem vive longe dos Estados Unidos ou do Reino Unido, dois países com grande quantidade de acervos digitais, e surge a pergunta: por que liberar o acesso apenas aos moradores de uma determinada cidade ou bairro? Por que não permitir, por exemplo, que um brasileiro possa emprestar um e-book no Texas? As instituições dizem que o impedimento é econômico, já que são os impostos locais que ajudam a sustentar as iniciativas.

>> As principais opções de e-reader no mercado
Mas há iniciativas que visam a universalizar o acesso ao conhecimento – uma das características da era da internet. Em 1996, o ativista Brewster Kahle criou o chamado Internet Archive, um dos primeiros arquivos digitais gratuitos na web. Em sua descrição, o site deixa clara a posição sobre o tema: “As bibliotecas existem para preservar os artefatos culturais da sociedade e oferecer acesso a eles. Se as bibliotecas vão continuar a promover a educação nesta era da tecnologia digital, é essencial que elas estendam essas funções para o mundo digital”. Outra iniciativa, mais recente, é a da Biblioteca Pública Digital Americana, que deve ser inaugurada em abril, conforme mencionado na reportagem de ÉPOCA A prova do livro digital. O site oferecerá, gratuitamente, o acervo em domínio público de diversas bibliotecas acadêmicas dos Estados Unidos, sob a coordenação de um departamento da Universidade de Harvard.
Além do desafio de ampliar o acesso a e-books, as bibliotecas digitais sofrem para aumentar a quantidade de títulos e exemplares. Algumas editoras elevam os preços e limitam o número de vezes ou o período de tempo que cada um pode ser emprestado, porque ele não se deteriora com o tempo, como ocorre com o papel. Os contratos, então, obrigam bibliotecas a adquirir novas licenças com o passar do tempo.

>> Obras de autores consagrados são sucesso no formato digital
Nem todas as editoras permitem empréstimos do novo formato. Acabam vendendo os títulos apenas para livrarias. No entanto, o diretor de marketing da OverDrive, David Burleigh, afirma que há sinais de mudança. Há poucas semanas, uma das maiores editoras americanas, a Macmillan, aceitou liberar e-books para bibliotecas. “Com certeza isso ajuda a popularizar o formato e aos poucos as editoras vão percebendo as vantagens da estratégia”, diz Burleigh.
Enquanto outros países discutem ampliação de acervos e do acesso, no Brasil mal há planos de investimentos na área digital e as bibliotecas lutam para manutenção dos espaços físicos. “O cenário realmente não é estimulante. Ainda faltam materiais impressos”, afirma Dulce Baptista, coordenadora do curso de Biblioteconomia da Universidade de Brasília. Mas ela é otimista e avalia que nos próximos anos o país terá políticas públicas na área que invistam em novas tecnologias. “A demanda da população fará com que isso ocorra.”
No país, quem começou a trilhar o inevitável caminho para a digitalização são as universidades. A expectativa é que esses laboratórios sirvam de referência e ajudem a promover a renovação das nossas bibliotecas públicas – antes que elas virem depósitos de livros empoeirados. A experiência da Biblioteca de Nova York mostrou que a tecnologia pode levar os livros para as nuvens e trazer os leitores de volta, no mundo real.

Fonte: http://revistaepoca.globo.com/

SILÊNCIO, POR FAVOR!


O silêncio na biblioteca é realmente necessário? Leitura silenciosa ou em voz alta? Conheça um pouco sobre o silêncio ao longo da história da humana.

O silêncio. O que é isso? Qual a implicação no cotidiano de milhões de pessoas? Esta é a aventura que iremos percorrer. A reportagem tenta desvendar o submundo do silêncio. É uma tentativa de oferecer aos leitores uma nova perspectiva à ausência de sons.

 A descoberta dos diversos significados atribuídos ao silêncio possibilita entender melhor os impactos que a falta de sons causa nos indivíduos e na sociedade. É uma aventura que vai nos levar por um passado repleto de jogos interessantes.


A biblioteca 
São 17h de um dia chuvoso. Ao entrar e descer as escadas para o subsolo da Biblioteca Central da UFSM, lê-se a palavra “silêncio”, escrita em letras maiúsculas numa folha de papel envelhecida pelo tempo que está colada na parede. A palavra silêncio expressa a conduta de como se comportar no ambiente de leitura.

O barulho das pessoas descendo as escadas e a digitação do computador, somado à conversa discreta dos frequentadores da biblioteca, dão a impressão de que o silêncio talvez seja apenas um papel colado na parede e não uma regra absoluta.  Sem mencionar o papo descontraído entre os funcionários da própria biblioteca.
 Nem sempre o hábito de leitura esteve ligado ao silêncio, como nos confirma Alberto Manguel, no livro “Uma história da Leitura”, no qual descreve de maneira fascinante as várias etapas dessa prática.
 Na obra, o autor descreve a história de São Ambrósio narrada por Santo Agostinho. São Ambrósio foi o primeiro homem a ler em silêncio ou, pelo menos, é o primeiro com autenticidade histórica.
 Nas palavras de Agostinho: “Quando ele lia, seus olhos buscavam as páginas e seu coração buscava o sentido… quando chegávamos para visitá-lo nós o encontrávamos em silêncio, pois jamais lia em voz alta”. É nesse momento que se concretiza uma revolução nos hábitos ligados ao exercício da leitura. Tal prática, desde os seus primórdios, fazia-se em voz alta mesmo em seus templos: as bibliotecas.
 A partir de Santo Agostinho, as palavras faladas não necessitavam mais acompanhar a leitura. A leitura silenciosa passou a estabelecer uma ligação sem restrições entre leitor e obra.
 No século IX, através dos padres copistas dos conventos, surgiram os primeiros regulamentos sobre o silêncio. Até então, eles liam em voz alta o texto que estavam copiando.
 Portanto, o silêncio não é o ‘nada’ como podemos pensar em um primeiro momento, mas um espaço cheio de significações. Podemos nos aventurar a encarar o silêncio como uma produção humana que nos revela como o homem atua na sociedade.
 O hospital São exatamente 15h de uma quinta-feira ensolarada. O pronto-atendimento do Hospital Universitário de Santa Maria não está muito cheio. Na recepção, a TV exibe uma série de comerciais. Cerca de uma dezena de pessoas estão à espera de atendimento ou à espera de algum parente que precise de atendimento médico.
 O clima de tranquilidade destoa daquele esperado em um setor de emergência. As pessoas conversam animadamente, mesmo com seus problemas de saúde. Há um burburinho entrecortado pela entrada e pela saída de novos pacientes e médicos.
 Num dos bancos, na parte externa do pronto-atendimento, está a senhora Celi Oliveira Alexandre, que veio a Santa Maria para fazer os curativos da mão machucada num acidente doméstico. Ela caiu dentro de casa. O vilão neste caso foi o tapete. O acidente ocorreu há um mês, o que obrigou vir todas as semanas à cidade para cuidar da fratura.
 Tudo estaria bem para Celi, não fossem duas coisas. A primeira é o engano cometido pela Secretaria de Saúde de São Francisco de Assis, que marcou sua consulta para aquela quinta-feira, quando, na verdade, seria para o dia seguinte. O segundo percalço é a duração da jornada entre São Francisco de Assis e Santa Maria. Uma viagem de três horas de ida e mais três de volta, sem contar que o ônibus que trás Celi só sai da cidade depois que todos os demais passageiros (principalmente pacientes) já consultaram, isto é, no final da tarde.
 O que faz Celi acordar antes das 5h da madrugada e permanecer até o final da tarde esperando voltar para casa? O que faz com que ela continue vindo todas as semanas a Santa Maria, além do desejo de reestabelecer sua saúde e a crença no poder da medicina para tratar e curar suas doenças?
 Não estamos questionando que a medicina não possa cuidar dos problemas de saúde da população, mas que as pessoas permaneçam horas a fio sem reclamar, numa silenciosa e cansativa espera até o seu atendimento. Ou, no caso de Celi, de voltar para casa.
 O controle da sociedade sobre os indivíduos não se opera, simplesmente, pela consciência ou pela ideologia, mas no corpo e com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que, antes de tudo, investiu a sociedade capitalista. Essa é uma das ideias fundamentais com que trabalha Foucault [Michel], no livro ‘A Microfísica do Poder’.
 O silêncio dos pacientes seria a representação de sua subordinação não só ao conhecimento médico, mas também à engrenagem no Estado. Foi um dos muitos métodos que a medicina criou para estabelecer-se e legitimar sua eficácia perante a sociedade.
 A partir do século XVIII, a medicina começou a elaborar um vocabulário para tratar das questões de saúde, já que era uma área recente que necessitava de uma série de procedimentos ‘científicos’ para sustentar sua prática.
 A igreja As igrejas são um bom exemplo de como se criou a instituição do silêncio, e de como ela modificou a relação do homem moderno com o seu mundo. Nesses lugares, podemos entender como a aparente ausência de sons fundou um novo olhar sobre a realidade.
 O silêncio não é só privilegio dos hospitais e bibliotecas, mas também das igrejas, principalmente as católicas. Nas práticas do Cristianismo, está a intenção de que a ausência de ruídos possa organizar uma série de práticas para a reflexão.
 Para o padre Bonini, da Catedral de Santa Maria, o silêncio é o momento da reflexão, da introspecção, por isso a sua necessidade dentro da Igreja Católica. O silêncio é a interiorização para dar voz à consciência. “É o momento de escutar a voz de Deus”, afirma Bonini. O silêncio é uma regra para que os seus participantes pudessem buscar o sentido para suas vidas e entendessem a si próprios através do olhar interior.
 Os padres anacoretas são um belo exemplo disso. Eles pertencem a uma Ordem da Igreja Católica, criada no Egito Antigo, onde os sacerdotes buscavam o refúgio e a reclusão em monastérios, vivendo solitariamente no deserto. Os anacoretas dedicavam-se às rações a fim de alcançar um estado de pureza da alma através da contemplação. São esses sacerdotes os primeiros cristãos a buscar o isolamento social para a salvação da alma.
 Segundo o padre Bonini, Santo Antão é considerado o fundador do monaquismo cristão (vida em reclusão) e o primeiro anacoreta. Santo Antão, cristão fervoroso, com cerca e 20 anos tomou o Evangelho ao pé da letra e distribuiu todos os seus bens aos pobres, partindo em seguida para viver no deserto. O monaquismo cristão nasceu e adotou-se o silêncio como instrumento fundamental para o seu exercício.
 A prática do silêncio não está somente na base do Cristianismo, mas também em diversas outras religiões. No Budismo temos o que se chama de ‘Nobre Caminho Óctuplo’, as oito práticas necessárias para o exercício dessa religião.
 O sexto mandamento refere-se à prática de autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente, para evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos. Nesse sentido, temos a prática da meditação, um dos fundamentos do Budismo.
 A meditação tem o objetivo de libertar a mente das emoções perturbadoras, buscando uma visão pura dos fenômenos. E dessa maneira expressar amor e compaixão imparciais por todos os seres.
 Da próxima vez que conseguir (sabemos que não será difícil) permanecer num refúgio sem ruídos, pense que o significado do silêncio não é o mesmo para distintos lugares. Na biblioteca, no hospital, na igreja: uma sugestão, uma conquista e uma prática.

 SILÊNCIO, POR FAVOR, pelo viés do colaborador Carlos Orellana*

 *Carlos Orellana é jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Maria e é Pós-Graduando em Comunicação Midiática na mesma instituição.

 

Em leilão, livros podem valer até R$ 150 mil


Taísa Szabatura

Apesar dos valores altos, os leilões de livros raros, são bastante disputados
 


Senhores engravatados e jovens despojados ocupam as cadeiras da sala de reunião de um hotel de luxo na capital paulista. Eles estão prestes a participar de mais um leilão de livros raros e papéis antigos, evento que acontece pelo menos duas vezes por ano. Alguns se cumprimentam com um aceno tímido da cabeça.

A simpatia, porém, dura pouco, pois há muita coisa em jogo. A obra mais cara do catálogo é um livro de gravuras feito a mão, de Maurice Rugendas, que esteve no Brasil em 1822: lance inicial de R$ 150 mil.
 O organizador do evento, Rogério Pires, dono da livraria Fólio, explica que existem diversos perfis de comprador. “Há o que busca primeiras edições, o obcecado por algum período histórico, o colecionador de autógrafos, o fã de livros de arte”, diz Pires.
Um dos livros mais disputados foi uma edição com dez serigrafias originais assinadas pela artista Renina Katz, com um poema de Hilda Hilst. O lance inicial era de R$ 6 mil e foi parar em R$ 10.500.
Para um colecionador, esses livros são verdadeiros objetos de desejo. Com tiragens pequenas e bom estado de conservação, são disputados pela exclusividade.
“O comprador leva para casa um objeto único e repleto de história”, diz Pires. O leiloeiro é provocador. “Ninguém vai pagar R$ 400 por esse exemplar com dedicatória do Carlos Drummond de Andrade. Vocês têm certeza?”, e então um dos compradores ergue a placa com o seu número, temendo perder uma grande oportunidade.
 Ao todo são 20 participantes, mas nem todo mundo sai da sala com uma obra debaixo do braço. O comprador que mais gastou desembolsou R$ 25 mil em seis obras. Já o exemplar de R$ 150 mil teve uma proposta de R$ 132 mil, não aceita pelo vendedor. Quer dar um lance?

Terapia com livros? Sim, é a Biblioterapia

Uma terapia diferente: com livros, e aplicada por uma equipe multidisciplinar, com psicólogos e bibliotecários. Esta é a biblioterapia, que tem cada vez mais atenção em políticas públicas de saúde. A aluna do primeiro semestre noturno, Isabela Martins Moreira, explica o que é a biblioterapia e como funciona.

Muitas vezes quando estamos tristes ou chateados, pegamos um livro que gostamos, e o abrimos em uma página aleatória e lemos um trecho ou um parágrafo, buscando conforto emocional, ou mesmo respostas para questões difíceis da vida. Esse ato que consideramos as vezes banal pode ser considerado como BIBLIOTERAPIA,  terapia utilizada a muitos anos em hospitais e clinicas, que utiliza livros para levar paz e conforto a pacientes. Ela consiste em utilizar livros ou textos selecionados por Bibliotecários e Psicólogos, utilizados em sessões de tratamento, incentivando o paciente, através da leitura que ele exponha de maneira saudável seus sentimentos e angustias no ambiente da internação ou tratamento hospitalar.

Aqui no Brasil a biblioterapia entra em voga, após a anuncio do projeto de Lei do Deputado Giovani Cherini, do PDT-RS, que defende o uso da tecnica em hospitais do SUS. O texto coloca também que os familiares de pacientes internados também poderão utilizar dessa terapia para amenizar o sofrimento que uma internação causa em toda a família.

Outro aspecto da biblioterapia é como ela pode ser utilizada em presidios, incentivando o detento a entrar em contato com um mundo muitas vezes completamente desconhecido por ele.

A importância do Bibliotecário é de modo inegável enorme, pois, cabe a ele selecionar de maneira criteriosa o conteúdo a ser oferecido ao individuo em questão. O cuidado em levar em conta o histórico de vida e o que ele esta passando no momento é essencial.

A busca por tratamentos alternativos, aliados aos tratamentos convencionais não tem fim. O conforto e bem-estar que tratamentos como a Biblioterapia traz, são indescritiveis, para todas as idades e tipos de patologias e também situações. Muito válido tambem pois os resultados desses tratamentos valorizam os profissionais envolvidos, no caso Bibliotecarios e Psicologos, principalmente.
Saiba mais sobre a biblioterapia:


Fonte: http://monitoriafabci.blogspot.com.br/2013/03/terapia-com-livros-sim-e-biblioterapia.html



Biblioteca nos Estados Unidos além de livros, empresta sementes


Sair de biblioteca apenas com livros e CDs é coisa do passado na Biblioteca Pública de Basalto no Colorado, Estados Unidos. O local adicionou um banco de sementes na sua coleção de meios de comunicação. Os visitantes além de usufruírem de uma boa leitura, também podem virar produtores de frutas ou legumes e de novas sementes que devem voltar ao local de origem.
Para participar é simples. O leitor adquire o pacote de sementes e planta. Quando o vegetal cresce é só colher as sementes e devolvê-las à biblioteca para que outras pessoas possam usá-las.

As sementes são armazenadas em envelopes com etiquetas que descrevem informações da fruta ou vegetal, e o nome do produtor, no intuito de dar crédito às pessoas que se esforçaram no cultivo.Segundo a American Library Association, existe pelo menos uma dúzia de programas semelhantes em todo o país. E para a diretora da biblioteca, Barbara Milnor, o local pode parecer estranho para o projeto, mas é uma ótima solução para ampliar o acesso de sementes e plantas à população, afirmou no portal NPR.
Já para a frequentadora Stephanie Syson, a biblioteca tem sido um lugar onde a filha aprende. As sementes adicionaram apenas mais uma nova lição.
* Publicado originalmente no site EcoD.
 (EcoD)

Na berlinda, bibliotecas se reinventam no Brasil e no mundo


Paula Adamo Idoeta
A futura biblioteca de Aarhus, na Dinamarca, será parte de um complexo multiuso e tecnológico
 
Reduções nas verbas, perda de protagonismo do livro para mídias digitais e, em muitos casos, declínio no número de visitantes. O cenário atual é preocupante para bibliotecas públicas de todo o mundo, mas muitas estão aproveitando o momento para se revitalizar, embarcar em novos formatos e em novas tendências urbanísticas.

O objetivo é atrair antigos e novos visitantes e, em muitos casos, virar um centro de referência sociocultural, em vez de apenas um local de leitura.
Na Dinamarca, a futura biblioteca de Aarhus será parte de um grande complexo urbano, inserido nos planos de revitalização da baía da cidade.
O complexo, a ser concluído em 2015, vai incluir repartições públicas, espaços para shows, cursos e reuniões, áreas para serem alugadas à iniciativa privada e um café com vista para a baía. Móveis modulados permitirão que as salas da biblioteca sejam usadas para diferentes propósitos ao longo dos anos, de acordo com a demanda dos usuários.
"É muito mais do que uma coleção de livros", diz à BBC Brasil Marie Ostergard, gerente do projeto. "É um local de experiências e serviços. Notamos que precisávamos dar mais espaço para as pessoas fazerem suas próprias atividades ou para se encontrar."
Manguinhos e Carandiru
Aarhus resume as ambições da nova biblioteca – que incorpora novas mídias, cria espaços multiuso em constante transformação, é parte de um plano urbanístico transformador e almeja fomentar novas pesquisas e ideias.
Mas há exemplos semelhantes em todo o mundo, da Ásia e Oceania à América Latina, inclusive no Brasil.
Aqui, novas tendências inspiraram a construção de bibliotecas como a de Manguinhos, na zona Norte do Rio, para atender um complexo de 16 favelas com um acervo de 27 mil títulos, além de salas para cursos gratuitos, para reuniões comunitárias e para projetos multimídia. Um café e um cineteatro devem ser inaugurados neste semestre.
A iniciativa, repetida em outras áreas do Rio, é parte do projeto biblioteca-parque, copiado de Medellín, na Colômbia.
Na cidade colombiana, áreas carentes receberam grandes bibliotecas que servem para conectar outros espaços públicos e oferecer também cinema, cursos, shows de música.

De volta ao Brasil, exemplo semelhante é visto também na Biblioteca de São Paulo, erguida junto ao Parque da Juventude, na área do antigo presídio do Carandiru (zona Norte).
 É uma retomada da função da biblioteca, antes vista como um lugar muito elitizado ou como um mero depósito sucateado de livros", opina à BBC Brasil Adriana Ferrari, coordenadora da unidade de bibliotecas da Secretaria da Cultura paulista.
Acervo e futuro

Mudar a forma de se relacionar com o público significa também mudar o acervo, incorporando DVDs, games e, é claro, e-books e leitores digitais, como o Kindle.
Para aumentar o apelo ao público, em especial o mais jovem, as bibliotecas também têm ampliado seu acervo de best-sellers, indo além dos livros clássicos – algo que pode incomodar os mais ortodoxos.
Para Ferrari, porém, oferecer best-sellers e uma agenda cultural intensa é essencial nas novas bibliotecas. "Tem que ter novidade todo dia e aproveitar as ondas", diz ela.
Isso inclui promover os livros da série Crepúsculo, por exemplo, "sem fazer juízo de valor" sobre a qualidade da obra. "Aos poucos, a qualificação desse leitor vai acontecendo."
Na opinião de Antonio Miranda, professor da Universidade de Brasília e consultor na criação de bibliotecas, o futuro reserva três tipos de modelos para as bibliotecas: a patrimonial, com acervo sobretudo histórico e clássico; a híbrida, que mescla o acervo antigo ao de novas mídias; e a sem livros - totalmente digitalizada e focada, por exemplo, no ensino à distância.
EUA
Nos EUA, tem aumentado o número de bibliotecas que oferecem mais best-sellers e criam ambientes semelhantes ao de livrarias, com cafés, vending machines, aluguel de salas para reuniões e espaços que não exigem silêncio dos visitantes.
Reportagem do New York Times relata que muitas bibliotecas estão preenchendo o vazio deixado pelo fechamento de livrarias no país.
Apesar disso, trata-se de um momento de crise para o setor. Relatório da Associação de Bibliotecas da América (ALA, na sigla em inglês) cita cortes "draconianos" nas verbas estatais para as bibliotecas e disputas com editoras envolvendo o empréstimo de e-books.

Sem dinheiro, a Filadélfia, por exemplo, suspendeu uma grande reforma que planejava para sua biblioteca pública e quer buscar apoio privado, bem como cobrar usuários pela oferta de "serviços premium".
Mas seu plano contempla também as novas tendências bibliotecárias: aumentar a presença virtual, adaptar seu espaço a novas demandas e engajar visitantes com projetos de alfabetização e empreendedorismo.
"A biblioteca do futuro pode ser um centro de criatividade, para a criação de aplicativos virtuais e promoção de mudanças na comunidade", afirma à BBC Brasil Maureen Sullivan, presidente da ALA.
"O novo conceito é o de ser um espaço de produção de conhecimento e cultura fora do ambiente acadêmico", opina Vera Saboya, superintendente de leitura do Estado do Rio, responsável pela biblioteca de Manguinhos.

Biblioteca Mário de Andrade mostra acervo raro de jornais e revistas



Há cerca de um mês, 9.200 títulos da hemeroteca (acervo de jornais e outros periódicos) ganharam um anexo exclusivo
No fim da década de 40, as histórias de amor da revista carioca Grande Hotel, espécie de fotonovela em desenho, faziam suspirar as adolescentes e donas de casa. Graças aos quadrinhos adaptados de livros estrangeiros como Almas Acorrentadas e Amor sem Esperança, chegou a circular com 220.000 exemplares mensais. Considerada uma raridade, a publicação integra o arquivo de 9.200 títulos da hemeroteca (acervo de jornais e outros periódicos) da Biblioteca Municipal Mário de Andrade.

Há cerca de um mês, esse tesouro, reunido desde 1935, ganhou um anexo exclusivo, no número 125 da Rua Doutor Bráulio Gomes, no centro, em frente ao edifício principal da Biblioteca. A maior vantagem da mudança foi centralizar as pilhas de encadernações, que nos últimos anos mudaram diversas vezes de endereço e chegaram a ficar divididas em até três lugares ao mesmo tempo.

A reforma do prédio custou 15,2 milhões de reais à prefeitura. No espaço térreo, o visitante é recebido por painéis com capas de revistas antigas. É o caso de Esfera, sobre artes cênicas, lançada no Rio de Janeiro em 1938. O 1º piso abriga exposições — atualmente, está em cartaz Ridendo castigat mores (“rindo, castigam-se os costumes”,segundo a máxima romana), com fotos e caricaturas.

Nos três pavimentos seguintes há o atendimento ao público. Além do acervo físico, é possível consultar agora em dois computadores as versões digitais de 24 revistas da Editora Abril. Isso se tornou viável por meio de um acordo entre o iba (a banca virtual da Abril) e a Biblioteca Mário de Andrade. Do 6º ao 15º andar, onde estão as 2.000 prateleiras, a circulação fica restrita aos dezesseis funcionários do anexo.

No antigo serviço, a capacidade de atendimento era bem limitada: apenas três pessoas por dia. O novo prédio pode receber até sessenta usuários. A consulta gratuita aos volumes deve ser solicitada por telefone ou e-mail. É preciso informar o nome da publicação e o período a ser pesquisado. Os funcionários têm prazo de até cinco dias para responder se o material está disponível e agendar a visita.

Quando o pesquisador chega, os jornais ou revistas já estão separados em um dos lugares das bancadas e mesas, enão podem ser removidos. Trata-se de um cuidado com a preservação das folhas, pois parte do patrimônio — como as edições do jornal O Estado de S. Paulo da época da II Guerra — sofreu desgaste devido ao manuseio excessivo. “O Notícias Populares, tema de alguns estudos acadêmicos, também ficou com vários problemas”, diz a bibliotecária Izabel Maria da Silva, que zela pelos periódicos há oito anos.

Entre outras tarefas, ela participa da higienização feita página a página, organiza e cataloga as coleções. Só ao fim desse levantamento, aliás, será possível dizer quantos exemplares há no total da coleção. Na última contagem, em 2006, eram 3 milhões. Desde a inauguração, o anexo recebeu cerca de 450 pessoas, em geral para trabalhos acadêmicos.
 A historiadora Mirela Hernandes tem ido lá nos últimos dias para consultar cadernos de 1990 a 1993 da extinta Gazeta Mercantil. Ela busca boletins do mercado financeiro para completar a coleção do Centro de Memória da BM&FBovespa, onde trabalha. “Mas as notícias velhas são tão curiosas aos olhos de hoje que, às vezes, eu me desconcentro”, admite. “Por exemplo: um texto de duas décadas atrás informava que a telefonia móvel dificilmente deslancharia no país.”
 Há também casos mais peculiares, como o do administrador de empresas Rodolfo Pedro Stella Junior, de 55 anos, que está organizando para um “estudo pessoal” as fichas técnicas de todos os clubes participantes das 44 edições da série B do Campeonato Paulista. “Comecei o levantamento há mais de dez anos, mas ainda faltam muitos dados”, conta. Sua esperança é preencher as lacunas com informações encontradas nas páginas de A Gazeta Esportiva, que circulou entre 1947 e 2001.
Hemeroteca da Biblioteca Mário de Andrade. Rua Doutor Bráulio Gomes, 125, centro. Agendamento: 3775-1401 e hemerotecabma@prefeitura.sp.gov.br
 

Céu, inferno

Marisa Midori Deacto*
 
 
A catalogação se difunde na era de Gutenberg. Uma verdadeira galáxia, mas uma seção de biblioteca não se destina a compor o mapa celestial de raridades
  Os catálogos de bibliotecas surgem do empenho de compilação, em um só livro, de todos os volumes que uma coleção comporta. Dir-se-ia, uma biblioteca sem paredes.
 A prática da catalogação se difunde na era de Gutenberg. Uma verdadeira galáxia composta por nomes de autores, títulos, formatos, notas biobibliográficas… nem sempre apresentados nessa ordem e com os mesmos critérios de seleção, absorveu a vida de muitos bibliotecários e bibliófilos.
 Todavia, apenas uma seção da biblioteca não se destinava a compor este mapa celestial de raridades.
 As bibliotecas tinham seu inferno. Os livros repousavam em espaços reclusos, nos desvãos das estantes, ou em salões instalados por detrás de paredes falsas, ou ainda sob o rés do chão das mansardas. O inferno das bibliotecas desafiava a imaginação dos arquitetos mais engenhosos e a fantasia dos proprietários mais endinheirados. O século 18 é pródigo nessas assimetrias e ilusões arquitetônicas. A noção mesma de intimidade conduz nobres e burgueses às recepções reservadas no boudoir e às leituras na solidão desses espaços. Imagens de leitores e leitoras do grande século francês testemunham bem este dolce far niente literário.
 Adentrando o inferno, o que encontramos? Pensemos na cena célebre do primeiro encontro de Julien com Mathilde. A bela heroína de O Vermelho e o Negro adentra furtivamente na biblioteca do pai através de uma passagem secreta. Deslumbrado, o jovem provinciano observa Mathilde em sua incursão perigosa, enquanto seus dedos ligeiros percorrem as obras completas de Voltaire. Há, no entanto, títulos mais frívolos que fariam enrubescer os dois jovens. Entre memórias ardentes, contos de fadas eróticos, jogos rocambolescos, ensinamentos sobre a arte de amar, nada escapa aos autores, leitores e censores.
 A era do capitalismo de edição fez do inferno da biblioteca um negócio providencial. Em 1852, a polícia apreendeu  12 mil volumes em posse das Edições Garnier. Entre os títulos: A Educação de Laure, Amores e Galanteios das Atrizes, Libertino de Qualidade, Messalina Francesa, Os Males da Virtude.
 Inferno para uns, paraíso para outros. Arte da dissimulação de autores consagrados, entre Stendhal, Musset, Gautier, Maupassant, Cocteau, Aragon, para ficarmos apenas entre os franceses contemporâneos, o gênero foi responsável pelo aparecimento de edições bem cuidadas, verdadeiras obras artísticas, síntese do que de melhor havia em termos de encadernação e ilustração (finas gravuras em metal, ou no Oitocentos, belas litografias), sem dispensar, é claro, a boa tipografia impressa sobre papéis nobres. Mais do que a erotomania, a economia da literatura erótica se tornou objeto da bibliomania.
 
*Professora da ECA-USP. Autora de O Império dos Livros: Instituições e Práticas de Leituras na São Paulo Oitocentista (São Paulo: Edusp, Fapesp, 2011, 448 pp.). Prêmio Sérgio Buarque de Holanda da Fundação Biblioteca Nacional, 2011; Prêmio Jabuti, 2012.

Para ler mais,
http://bibliomania-divercidades.blogspot.com.br/


Fonte: http://www.revistabrasileiros.com.br

Fim de ano na biblioteca

Aos poucos a nossa biblioteca  vai entrando no ritmo de final de ano.

A biblioteca fechará a partir desta sexta, dia 21 de dezembro.

E a partir do dia 2 de janeiro, abrirá de segunda a sexta-feira, das 8 às 20h.

Quem fizer seus empréstimos até sexta poderá devolvê-los em 18/2/2013.

Nesse período, o prazo de empréstimo dos documentos será mantido. Já as renovações poderão ser feitas por: 

•             Telefone: 5085-4554 ou 5085-4573 até às 20 horas.
•             Pessoalmente: balcão da biblioteca até às 20 horas.
•             Blackboard: até às 23h59.
•             Intranet: até às 23h59.
•             Site da ESPM: até às 23h59.

Os contatos fora do horário de atendimento devem ser feitos pelos e-mails empréstimo: biblioteca@espm.br ou bibliotecacentral@espm.br

A equipe da Biblioteca Central da ESPM deseja a todos um feliz natal e um ano novo repleto de boas realizações.





A Biblioteca da ESPM já está em clima de festas


A decoração de Natal e a árvore convidam para uma clima de confraternização.

Junto à arvore, há livros que a equipe da biblioteca oferece como presente aos seus usuários!A proposta é manter a interatividade e a integração com professores, alunos e funcionários que ao longo do ano utilizam nosso acervo, nossos espaços.

Desejamos a todos boas festas e que 2013 seja uma ano de realização de muitos bons projetos!









Levando trabalho para casa

O bibliotecário André de Araújo testa nas suas estantes a organização que leva a grandes acervos. Foto: ZECA WITTNER/ESTADÃO,


Depois de organizar o acervo de 100 mil livros do Mosteiro de São Bento, trabalho que durou sete anos, o bibliotecário André de Araújo, de 33, considera qualquer coleção com menos de mil títulos algo pequeno. E ele fala de si mesmo. No seu apartamento, em Santa Cecília, estão guardados cerca de 400 livros, que servem de material para as aulas dadas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Os mais lidos ficam estrategicamente no centro da estante. “Nós chamamos de biblioteca corrente. É bom reservar duas prateleiras para aqueles que a pessoa consulta sempre.”

Definir como será feita a separação das publicações é o ponto-chave para criar e manter uma biblioteca particular em ordem (veja opções de como organizá-los no box abaixo).  O acervo literário de Araújo é separado por temas e, dentro deles, há subgrupos. Mas, seja qual for a classificação escolhida, ele recomenda deixar 25% do espaço na prateleira sem nada, para não ter de mexer sempre que adquirir um novo exemplar.

Para deixar o escritório mais leve – talvez por já ter visto tantas estantes abarrotadas nas bibliotecas onde trabalhou –, Araújo mistura CDs e porta-retratos aos livros nas prateleiras.  “O ideal é que sua organização consiga atingir o equilíbrio entre o lógico, o estético e o funcional.”
 
Assim como em seu apartamento, as estantes devem ficar perpendiculares às janelas para evitar a luminosidade direta. Se precisar aumentar o bloqueio à claridade, use blecautes ou persianas, que são mais fáceis de limpar e acumulam menos pó do que as cortinas, ensina.

Quanto ao tipo de móvel, o bibliotecário tem outro conselho, algo que ele aprendeu por experiência própria: os modelos presos na parede não aguentam tanto peso quanto os que ficam de pé. / ANA PAULA GARRIDO

COMO VOCÊ ACHAR MELHOR

Ordem de chegada: Basta seguir a cronologia da compra para colocar na estante; mas tem de lembrar quando cada livro foi comprado para achá-lo

Tamanho: Você pode formar desenhos na prateleira, mas também vai depender da memorização para encontrar os títulos

Tipo de capa: Agrupar por material – como couro, papel ou tecido – ajuda a preservá-los, por evitar o atrito de volumes diferentes

Ordem alfabética: Defina o padrão – se por autor ou por título – para facilitar a entrada e busca dos livros. Um dos problemas é que, ao adquirir um livro que entre nas primeiras letras, o restante será alterado.

Temas: De acordo com o acervo, são definidas as áreas e, se necessário, os subgrupos dentro delas. É funcional, mas também costuma ‘andar’ bastante pelas prateleiras. *

OUTRA DICA: Na hora de pegar um livro na estante, ”em vez de puxá-lo pela parte superior da lombada, o que pode danificá-lo, empurre os das laterais e puxe o que você quer pelo centro da lombada”, ensina Araújo.

Fonte: Estadão

FRANKFURT 2013 - Brasil recebe bastão de homenageado na Feira do livro de Frankfurt

Na homenagem que receberá em 2013 na maior feira de livros do mundo, o Brasil quer apresentar a diversidade que caracteriza o país e sua literatura em múltiplos aspectos. A participação brasileira, coordenada pela Fundação Biblioteca Nacional, se sustentará em três eixos: o literário, o cultural e o econômico. O Ministério da Cultura planeja investir US$ 10 milhões em uma extensa programação cultural, que também terá investimentos do Ministério das Relações Exteriores e Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, entre outros. A comitiva brasileira terá mais de 70 autores brasileiros, que estarão também em escolas, bibliotecas e outros espaços culturais tanto em Frankfurt como em outras cidades alemãs.

Brasil quer levar a Frankfurt a diversidade da sua literatura
Mostrar ao mundo do livro a diversidade, a exuberância e a riqueza da produção cultural brasileira, e como isso se materializa em uma literatura de qualidade, local e universal, que quer se fazer cada vez mais presente e acessível aos leitores de todo o planeta. Esse é o grande desafio a que se propõe o Brasil às vésperas de ser homenageado, pela segunda vez (a primeira foi em 1994), pela tradicional Feira do Livro de Frankfurt. “Brazil in Every Word” (Brasil em Cada Palavra) será o mote: “Um país cheio de vozes e de permanente recriação cultural.” Até 2020, o Ministério da Cultura investirá US$ 35 milhões em suas políticas de internacionalização do livro.

Programação cultural em Frankfurt 2013 se estenderá a museus
A programação do Brasil em Frankfurt em 2013 contará com a presença de artistas de vários setores que ocuparão os principais museus e centros culturais de Frankfurt. Entre os já reservados, está o Museu de Arte Moderna de Frankfurt (que abrigará uma exposição sobre Helio Oiticica, com extensão no Palmgarten). A programação, que acontecerá em pelo menos 16 espaços, terá também a presença das Estações Brasileiras, com shows, mostras de cinema, teatro, dança, performances e leituras. O Pavilhão Brasil terá 2.500 m2, com cenografia de Daniela Thomas e Fábio Tassara.

Momento especial da literatura brasileira no mundo
Ao mesmo tempo em que precisa trabalhar para promover a leitura e cuidar do seu patrimônio cultural nesta área, o Brasil se vê diante de uma grande oportunidade: ampliar a presença de sua literatura no cenário internacional. A avaliação é do presidente da Fundação Biblioteca Nacional, Galeno Amorim, que apresentou, em diversas ocasiões, em Frankfurt, as políticas de internacionalização da literatura do governo brasileiro e recebeu, em nome da ministra da Cultura, Marta Suplicy, o bastão de país homenageado em 2013. “Este é um momento especial para o Brasil, que vem despertando, positivamente, a atenção do mundo pelas mais diversas e boas razões”, disse ele. “E nada melhor do que a cultura e a literatura para mostrar o Brasil e os brasileiros ao mundo.”

Fonte: Boletim da Biblioteca Nacional

Túnel de Livros

 
Matej Kren criou esta incrível escultura para a Biblioteca Municipal de Praga. O artista instalou esta torre de livros, chamada Idiom, que utiliza espelhos para criar a ilusão de que você está olhando para um túnel infinito de livros.
 
A biblioteca fica perto da praça Velha, importante ponto turístico da capital.
O endereço é Mariánské Náměstí 1/98 – Praga/Republica Checa
Horário de funcionamento é das 13h à 20h na segunda e no sábado; e das 9h às 20h nos outros dias (fecha domingo).



Fonte: Galeria Sergio Caribé

Quem usa os serviços da biblioteca é cliente ou usuário?

 
Há alguns anos a discussão sobre como deve ser chamado aquele que frequenta a biblioteca vem sendo levantada.

Há uma nova tendência, na Biblioteconomia, em se utilizar o termo “cliente”. Para alguns, “usuário” tem uma acepção mais  passiva do que o termo "cliente". Para outros, "cliente" é um termo inadequado já que esse vocábulo estaria ligado à ideia de freguês, ou seja, aquele que compra.

Segundo o dicionário Aurélio usuário “é aquele que, por direito de uso, usufrui as utilidades de alguma coisa”. O mesmo dicionário define cliente “como o indivíduo que confia os seus interesses a um advogado ou procurador;  ou ainda como “aquele que usa os serviços ou consome os produtos de determinada empresa ou de profissional; freguês.”
 
Na literatura, a maioria dos autores ainda prefere o termo "usuário". Dada a discussão, é fato, que serão necessárias novas definições a depender do contexto.
 
E você, o que pensa sobre o assunto?

Quick Drop

Utilize essa facilidade. Devolva livros a qualquer hora e dia da semana, exceto para documentos em atraso, de consulta e especiais que devem ser devolvidos na Biblioteca.

O Quick Drop (devolução expressa) fica próximo às catracas. Uma iniciativa que visa ampliar o acesso dos usuários aos serviços e produtos da Biblioteca.




Produtos e serviços

A partir dessa semana, vamos apresentar alguns produtos e serviços que a biblioteca da Graduação ESPM/SP oferece aos seus clientes.

iPads
Venha conferir o conteúdo dos iPads que a biblioteca dispõe para seus usuários, no 1º Subsolo da biblioteca.
Neles, você tem acesso a podcasts, e-books, revistas e jornais nas áreas de administração, design, relações internacionais, comunicação, marketing, entre outros.



Trailer de filme coloca livro nas nuvens

 Iona Stevens

Livro passa do 2.509º lugar a 7º no ranking da Amazon após divulgação de trailer

“Na última segunda-feira, o livro de David Mitchell, de oito anos atrás, Cloud Atlas estava em 2.509º lugar no ranking de best-sellers da Amazon.com. Na sexta-feira, estava em 7º.” Assim abre a matéria o jornal americano Wall Street Journal, no último domingo.

 O motivo do boom de interesse por Cloud Atlas, livro publicado em 2004 pela editora americana Random House, foi o lançamento do trailer do filme que será produzido pelo estúdio de cinema Warner Bros.

Tom Hanks, Halle Berry e outras estrelas participam desse filme que junta seis histórias numa trama complexa. O trailer, de quase seis minutos, foi lançado no site da Apple, e o efeito nas vendas foi imediato. “Assim que o trailer subiu, vimos conversas no Twitter e as vendas da Amazon realmente deram um pulo” disse a publisher de paperback da Random House, Jane Von Mehren, ao diário financeiro. O jornal afirma ainda que não é incomum aparecer interesse em obras antigas que serão lançadas em filmes, o incomum foi a velocidade do efeito do trailer.

 A Random House não dormiu no ponto e já planeja uma reimpressão do livro – antes mesmo da nova edição que havia sido planejada para o lançamento do filme – de 25 mil cópias. Para fusionar ainda mais a interface livro/filme, o e-book que será lançado com a arte do filme trará também “extras” do filme – e será, obviamente, mais caro.

Assista ao trailer




Fonte: PublishNews