Estudo
vê 'indícios' de benefícios trazidos por inovações na sala de aula; relação não
é 'facilmente comprovável'.
21/7/2014
Dinamarca,
Indonesia, Coreia do Sul (foto) e
Holanda inovaram
mais na sala de aula (Foto: AFP)
Inovações
- de filosofia, estilo e até de recursos tecnológicos - nas escolas podem ter
impacto positivo na valorização de professores e, em alguns casos, nas notas
dos alunos em algumas disciplinas.
É
o que sugere um estudo-piloto divulgado pela OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o relatório Mensurando Inovação na
Educação.
A
análise se debruçou sobre 28 sistemas educacionais (entre países, estados
americanos e territórios canadenses, Brasil não incluído) no mundo. As
conclusões podem ser lidas no link http://bbc.in/1yPdvTw.
Segundo
os especialistas da OCDE, ainda que não haja uma relação facilmente comprovável
entre inovação e melhorias na educação, "em geral, países com maiores
níveis de inovação veem aumento em alguns resultados educacionais, incluindo
melhor performance em matemática na oitava série (13 e 14 anos), resultados de
aprendizado mais igualitários e professores mais satisfeitos".
Entre
as inovações analisadas estão materiais didáticos, recursos educacionais,
estilo de ensino, aplicação de conhecimento na vida real, interpretação de
dados e textos, disponibilidade de computadores e sistemas de e-learning nas
aulas, novas formas de organizar atividades curriculares e uso de tecnologia na
comunicação com pais e alunos, entre outros.
Porém,
os investimentos em tecnologia e inovação não são unanimidade entre estudiosos
de educação, já que nem sempre esses investimentos se traduzem em melhor
desempenho ou em benefícios mensuráveis - e muitas vezes incorrem em aumento de
gastos.
Questão
de confiança
O
autor do relatório, Stephan Vicent-Lancrin, explica à BBC Brasil que de fato
não é possível verificar com certeza a relação direta entre inovação e
benefícios. Mas há "indícios" de que aquela tenham efeitos positivos
na igualdade de oportunidades entre alunos, no desempenho em disciplinas como
matemática e, sobretudo, no estímulo a professores.
"Não
podemos afirmar com certeza que as notas melhoram graças a inovações na sala de
aula. Mas vemos que inovações trazem confiança para (que agentes participantes
da educação) promovam outras mudanças", diz Vincent-Lancrin.
"A
relação mais forte que observamos foi em relação à satisfação de professores.
Mais inovações trouxeram mais motivação."
As
práticas foram estudadas pela OCDE entre 2000 e 2011, no ensino primário e
secundário, e o país estudado que mais adotou inovações no período foi a
Dinamarca (com 37 pontos no índice calculado pelo órgão), seguido por Indonésia
(36), Coreia do Sul (32) e Holanda (30).
Entre
as mudanças observadas na Dinamarca estão, por exemplo, aumento no uso de
testes-padrão elaborados por professores, e mais intercâmbio de conhecimento
entre o corpo docente.
Segundo
o relatório, "os sistemas educacionais que mais inovaram são também os
mais igualitários em termos de desempenho dos estudantes". Por exemplo, os
da Indonésia e da Coreia do Sul.
Sendo
assim, o estudo aponta que há uma "presunção" de que mais inovação
desencadeie mais igualdade de oportunidades e aprendizado entre alunos, ainda
que isso não possa ser efetivamente provado.
Debate
Mas
se a adoção de novas práticas na ciência e na economia produtiva é apontada
como um fator importante para a competividade global, na educação essa
correlação não é tão simples. O próprio estudo aponta que existem também
sistemas educacionais com baixa inovação e alto desempenho.
Ao
mesmo tempo, argumentos pró-inovação na educação incluem maximizar o retorno do
investimento público, buscar avanços no desempenho de alunos e reduzir a
desigualdade de oportunidades entre estudantes, aponta a OCDE.
O
relatório diz que, "ao contrário do que se costuma pensar, há um nível
razoável de inovação no setor educacional, tanto em relação a outros setores da
sociedade como em termos absolutos. Setenta por cento dos formandos empregados
no setor educacional consideram seus estabelecimentos como altamente
inovadores, índice similar ao da média (do restante) da economia (69%)".
Segundo
Stephan Vincent-Lancrin, o setor educacional apresentou índices de inovação
mais elevados do que o restante do setor público, mas são necessários mais
estudos para entender exatamente seus desdobramentos no ambiente escolar.
"Estamos
tentando colocar o assunto no mapa para entender seu impacto", diz.
Fonte: g1
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