Plataformas
de financiamento coletivo especializadas querem ampliar negócios em até dez
vezes; em 2014, duas empresas passaram a disputar mercado
O
financiamento coletivo de projetos criativos e inovadores já é um sucesso
inconteste no mundo e no Brasil. O Kickstarter, plataforma mais conhecida, já
financiou 75 mil projetos desde a sua criação, em 2009, movimentando
aproximadamente US$ 1 bilhão. No Brasil, a pegada é mais cultural — o
financiamento coletivo do sétimo álbum de estúdio da banda Dead Fish se tornou,
em julho deste ano, a maior campanha do Brasil em valores: R$ 260 mil de 3,2
mil apoiadores.
A
próxima fronteira desse modelo de negócios no país é o engessado mercado
editorial, que já enfrenta a concorrência da autopublicação. A Bookstorming e a
Bookstart, plataformas que foram lançadas neste ano, já colhem frutos: livros
publicados em diversas plataformas, novos autores que se tornam conhecidos e a
validação do modelo de negócios concluída. O próximo passo é expandir e lucrar.
“Durante
estes sete meses já foram publicadas oito obras. Nossa previsão para 2015 é que
a média de uma obra por mês suba para, pelo menos dez”, afirma Bernardo Obadia,
economista e sócio-diretor da Bookstart. “Aqueles livros que não seriam
publicados por uma questão orçamentária ou de mercado, agora podem ser testados
e publicados através do Bookstart”.
O
funcionamento é semelhante: o interessado inicia a campanha de arrecadação,
estabelece a meta e os benefícios para determinadas faixas de contribuições e
corre atrás dos mecenas. Se o projeto for bem-sucedido, um percentual do valor
arrecadado fica com a plataforma. Porém os benefícios vão além.
“Quando
o projeto chega através de uma editora, atuamos como agente intermediário. As
empresas ficam com a obrigação de entregar tudo o que foi prometido durante a
campanha. No caso dos autores independentes, temos parceiros que prestam os
serviços editoriais. O autor chega com o manuscrito e, em caso de sucesso do
projeto, sai com o livro publicado”, explica. A Bookstart também oferece
serviços agregados, como coaching literário e dicas de comunicação e promoção.
Com o original pronto, todo o processo pode ser concluído em até vinte dias.
Tradicionalmente,
as obras chegam às editoras através dos próprios autores — com uma chance
baixíssima de serem publicados — ou de agentes literários — que dão mais um
pouquinho a mais de chances ao ‘vender’ a obra. A internet já bagunçou esse
mercado tanto através da pirataria quanto dos novos modelos de negócios e
formatos, incluindo o eBook. Com o financiamento coletivo, livros que não
teriam chance em um mercado inundado vão para as prateleiras das livrarias.
Baixo
risco
A
sacada é inverter a lógica da publicação ao colocar o leitor como o responsável
financeiro pela sua publicação — uma contribuição de R$ 40 é equivalente ao
preço de capa de um livro comum. As pequenas casas editoriais também ganham uma
ferramenta de marketing e financiamento sem comprometer o sofrido caixa. A
curadoria é outra característica desse tipo de serviço. “O objetivo é oferecer
um serviço que fique entre a autopublicação e o trabalho de uma editora
profissional. Vamos publicar com alguma qualidade e ao mesmo tempo dar
capilaridade para autores independentes", afirma Obadia.
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